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Em Garopaba (SC), verduras orgânicas da merenda escolar vêm de território quilombola (Fotos: agenciagov)
Clientes têm consciência de estar levando para casa um produto que não causará doenças
O que começou como uma pequena horta familiar no território quilombola Morro do Fortunato, em Garopaba Santa Catarina, se transformou em um exemplo de produção sustentável, autonomia comunitária e resgate de saberes ancestrais. Hoje, as verduras e legumes orgânicos que abastecem a merenda escolar do município têm origem nesse solo cultivado com cuidado pela família Machado, que alia tradição e agroecologia.
Da horta à merenda escolar
Há cerca de dez anos, após o adoecimento do patriarca Hilário, as irmãs Ana Paula e Ana Maria Machado decidiram deixar seus empregos como domésticas na cidade para assumir a produção junto ao primo Everton, padeiro. A horta, iniciada há mais de duas décadas, cresceu e conquistou a certificação orgânica participativa pela Rede Ecovida, o que possibilitou a comercialização direta no mercado do produtor e a integração ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
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“Agora a gente só trabalha na horta, produzindo não só hortaliças, mas feijão, milho, amendoim, aipim... tudo livre de agrotóxicos. É muito gratificante saber que estamos alimentando as famílias com produtos saudáveis e que as crianças recebem os verdinhos na escola”, celebra Ana Paula.
Produção sustentável e turismo comunitário
O sucesso da horta inspirou novos caminhos. Além de gerar renda e fortalecer a identidade quilombola, o espaço passou a receber visitantes em cafés coloniais e eventos culturais. A vista do deck, que integra a plantação ao mar, encanta os turistas e se tornou ponto de valorização do turismo rural. “Oferecemos o café com nossos produtos uma vez por mês e alugamos o espaço para eventos. As reservas são feitas pelas redes sociais”, explica Ana.
Reconexão com o território e fortalecimento quilombola
O território do Morro do Fortunato está em processo de regularização fundiária pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que já elaborou o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID). A conquista é vista pela comunidade como um passo essencial para garantir a permanência das famílias no local e incentivar novas gerações a produzir.
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“No começo, todos viviam do que plantavam. Com o tempo, muitos precisaram buscar trabalho fora. Agora, com o reconhecimento da terra, teremos mais oportunidades de plantar e permanecer aqui”, destaca a agricultora.
Um exemplo de agroecologia e pertencimento
A experiência da família Machado demonstra que a relação entre cuidado com a terra e sustentabilidade vai além da produção de alimentos — é também uma forma de manter viva a cultura quilombola e fortalecer o desenvolvimento local. Essa iniciativa foi reconhecida pelo Incra em Santa Catarina no Dia Nacional da Agroecologia, celebrado em 3 de outubro, como um exemplo de que o alimento saudável e a justiça social podem caminhar lado a lado.
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