Medicamento de longa duração, aplicado apenas duas vezes ao ano, promete revolucionar a prevenção do HIV, mas preço elevado pode limitar o acesso.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) autorizou a comercialização do lenacapavir, o primeiro medicamento injetável aplicado a cada seis meses para prevenir a infecção pelo HIV. O fármaco, que será vendido com o nome comercial Yeytuo, já havia sido aprovado nos Estados Unidos em junho.

A estratégia é considerada inovadora por exigir apenas duas aplicações anuais, garantindo eficácia próxima de 100% contra o HIV. Até agora, a principal forma de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) era por meio de comprimidos diários, disponíveis inclusive no SUS desde 2017.

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O que dizem os estudos

Dois grandes estudos publicados na New England Journal of Medicine comprovaram a eficácia:

Purpose-1: realizado com 5,3 mil mulheres na África do Sul e Uganda, não registrou casos de infecção entre as que receberam o lenacapavir.

Purpose-2: feito com 3,3 mil participantes de diferentes países (incluindo Brasil, Peru e México), apontou eficácia de 96% nas injeções semestrais, superior à PrEP oral.

Preço alto e restrições

Nos Estados Unidos, a farmacêutica Gilead cobra US$ 28 mil por ano (cerca de R$ 152 mil). Especialistas consideram o valor inviável para sistemas de saúde públicos.

Embora a empresa tenha firmado acordos para liberar versões genéricas em 120 países de baixa e média renda, o Brasil ficou de fora, o que gerou críticas da comunidade científica.

Diferença entre injeção e vacina

Apesar de aplicada por injeção, o lenacapavir não é uma vacina. Ele não estimula a produção de anticorpos; atua diretamente bloqueando a replicação do HIV no organismo. Isso significa que a proteção só dura enquanto o medicamento estiver ativo no sangue.