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. (Fotos: Aninha CK)
Estudos mostram que ambientes climatizados podem reduzir em até 40% a umidade relativa e intensificar a evaporação da lágrima
Ambientes com ar-condicionado e baixa umidade estão diretamente associados ao agravamento da Síndrome do Olho Seco durante o verão. Um estudo publicado em 2024 no Ocular Surface Journal indicou que a climatização intensa pode reduzir em até 40% a umidade relativa do ar, favorecendo o ressecamento da superfície ocular. Outra pesquisa, realizada com 120 indivíduos expostos diariamente a ambientes refrigerados, revelou que 62% relataram piora dos sintomas, incluindo ardência, sensação de areia e visão borrada.
Segundo o Dr. André Frutuoso, presidente da Sociedade Catarinense de Oftalmologia, o aumento das queixas é perceptível todos os anos nos meses mais quentes. Ele explica que a combinação de altas temperaturas, permanência prolongada em espaços fechados e uso contínuo de climatização compromete a estabilidade do filme lacrimal, responsável pela lubrificação natural dos olhos.
O verão também impõe mudanças de rotina que agravam o quadro. Viagens longas de carro com ar-condicionado ligado, permanência prolongada em hoteis e aeroportos com baixa umidade, além da exposição repetida a ambientes secos em meios de transporte, ampliam a sensação de desconforto. A alternância constante entre calor intenso ao ar livre e ar gelado em espaços fechados contribui ainda mais para a evaporação da lágrima.
Oscilações de clima intensificam o problema no verão catarinense
No caso de Santa Catarina, essa oscilação é ainda mais marcada. Dias de calor forte e umidade elevada ao ar livre contrastam com interiores refrigerados e secos, especialmente em regiões urbanas e no litoral durante a alta temporada. Essa variação súbita de microclima acentua o impacto sobre a superfície ocular, o que ajuda a explicar o aumento de atendimentos nos consultórios da região nesta época do ano.
Relatórios do Tear Film & Ocular Surface Society (TFOS) reforçam essa percepção ao apontar que ambientes internos climatizados figuram entre os principais fatores ambientais que contribuem para a piora da doença. A rotina digital intensa, marcada pelo uso prolongado de computadores e celulares, também reduz a frequência do piscar e intensifica a evaporação da lágrima em ambientes secos.
Para diminuir os efeitos, a Sociedade Catarinense de Oftalmologia recomenda medidas simples: manter hidratação adequada, ajustar a temperatura do ar-condicionado, evitar jatos de ar direcionados ao rosto, realizar pausas visuais durante o uso de telas e procurar avaliação oftalmológica em caso de dor, ardência ou desconforto persistente.
Com o verão trazendo calor elevado, deslocamentos frequentes e longos períodos em ambientes climatizados, o Dr. André Frutuoso reforça a importância de reconhecer os sinais da doença e buscar orientação especializada desde o início dos sintomas.
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