Pesquisa com mais de 2 mil pessoas mostra que a infecção aumenta a rigidez arterial, mesmo em casos leves da doença

Mesmo após a recuperação clínica, a Covid-19 pode deixar sequelas no sistema cardiovascular, segundo o maior estudo populacional já feito sobre o tema. A pesquisa, conduzida com 2.390 participantes em 16 países, incluindo o Brasil, mostrou que todos os infectados apresentaram maior rigidez nas grandes artérias em comparação com quem nunca teve a doença.

O estudo, publicado no European Heart Journal e conduzido pelo consórcio internacional Cartesian, indica que a infecção pode acelerar o envelhecimento vascular, especialmente em mulheres com sintomas persistentes, independentemente da gravidade do quadro.

Efeitos da Covid-19 no sistema cardiovascular

A rigidez arterial é um marcador de envelhecimento precoce das artérias, o que pode aumentar o risco de infarto, AVC, insuficiência cardíaca e outras complicações cardiovasculares. Segundo o pesquisador Emmanuel Ciolac, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), “pessoas que tiveram Covid-19 apresentam maior rigidez nas grandes artérias, o que pode comprometer o fluxo de sangue para o cérebro e outros órgãos”.

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Mesmo em casos leves, os pesquisadores observaram que as artérias se tornaram menos elásticas cerca de seis meses após a infecção. A boa notícia, segundo o especialista, é que essa rigidez tende a diminuir com o tempo, principalmente em pessoas que praticam atividades físicas regulares, o que reforça a importância da reabilitação pós-Covid.

Como foi feita a pesquisa

Os cientistas avaliaram a saúde vascular dos voluntários por meio do exame de velocidade da onda de pulso carótida-femoral, um método não invasivo que mede a elasticidade das artérias. Quanto menor a velocidade do pulso, melhor a saúde vascular.

Os resultados mostraram que mulheres foram mais afetadas pela rigidez arterial, sobretudo aquelas com sintomas prolongados e que chegaram a ser internadas em UTI. Já entre os homens, a diferença foi menos significativa, possivelmente devido à maior taxa de mortalidade masculina durante a pandemia.

Outro ponto importante foi o efeito protetor da vacina: pessoas vacinadas apresentaram menor rigidez arterial do que as não vacinadas, o que reforça a eficácia da imunização também na prevenção de complicações cardiovasculares.

Atenção contínua à saúde pós-Covid

Os especialistas reforçam que é fundamental acompanhar a saúde do coração e das artérias mesmo após a recuperação da Covid-19. A recomendação é manter um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, controle do estresse e prática regular de exercícios físicos.

“A rigidez arterial é reversível em muitos casos. É preciso atenção de longo prazo e programas de reabilitação que ajudem os pacientes a recuperar a saúde cardiovascular”, destaca Ciolac.

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