Uma nova percepção da imprensa para a cobertura dos desastres foi tema do encontro que marcou o 2º ano da maior tragédia climática em Santa Catarina

O 2º Fórum Catarinense da Rede Cooperativa para Cultura de Prevenção de Desastres esteve longe de lotar o auditório do plenarinho deputado Paulo Stuart Wright, na Assembleia Legislativa, na noite de segunda-feira, dia 22.

Ao contrário da primeira edição - onde cerca de 180 pessoas se acotovelaram no salão do Hotel Castelmar, em Florianópolis, para ouvir os ensinamentos na prevenção de desastres climáticos - pouco mais de 30 pessoas foram testemunhar que é melhor prevenir do que remediar, em se tratando de vendavais, trombas d?água, secas, enchentes e outras intempéries do clima.

Na primeira versão do Fórum, realizada apenas três meses antes da maior tragédia climática que abateu Santa Catarina em novembro de 2008, a cultura da percepção do risco foi amplamente defendida por diversos palestrantes, alguns internacionais. Desta vez, discutiu-se a necessidade de um maior envolvimento da mídia para que essa cultura possa ir se incorporando no cotidiano da sociedade.


Mesa - Ao lado do gerente de prevenção da Defesa Civil SC, major Márcio Luiz Alves, lideranças de entidades ligadas a veículos de comunicação ? Miguel Gobbi, presidente da Associação dos Jornais do Interior de Santa Catarina- Adjori/SC, e Marise Westphal Hartke, da Associação Catarinense das Emissoras de Rádio e Televisão ? Acaert, além do jornalista José Augusto Gayoso, ex-diretor de imprensa do Governo de Santa Catarina, participaram do debate mediado pelo professor Áurio Moraes, coordenador do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O Fórum destacou o papel da imprensa na cobertura de calamidades, em especial a de 2008, e como iniciar uma comunicação preventiva que prepare a sociedade antes que os eventos adversos aconteçam. A preocupação com a fidedignidade dos fatos, tendo a Defesa Civil estadual como fonte única de notícias e a montagem de sala de imprensa para permitir cobertura em tempo real dos acontecimentos foram ressaltadas como uma ação exitosa pelo major Márcio. ?O relacionamento entre Defesa Civil e imprensa no episódio de 2008 foi uma experiência exemplar?, completou Gayoso.
 

Quanto ao futuro, Miguel Gobbi e Marise Hartke reconheceram que é preciso um trabalho de formação, profissionalização e até mesmo qualificação de quem fala sobre Defesa Civil. Seja da parte da imprensa, seja do lado das equipes que comandam essa área na esfera municipal,
 

Desabafo - Aliás, a grande deficiência de departamentos de Defesa Civil municipal foi lembrada pela plateia e pelo major Márcio, que revelou seu desalento pela falta de avanço na área de prevenção. ? Após uma tragédia daquele porte, achávamos que iríamos avançar, mas as pessoas esquecem, não cobram, e os governos se acomodam. Gestores municipais continuam delegando a políticos o preenchimento de cargos que deveriam ser essencialmente técnicos; pessoas inescrupulosas buscam faturar politicamente diante do sofrimento alheio e, do ponto de vista nacional, vivemos o maior retrocesso com a edição da Medida Provisória 494?, desabafou ele, mirando o coordenador geral da Secretaria Nacional de Defesa Civil, Werneck Martins Carvalho, que participou do Fórum representando a secretária nacional de Defesa Civil. Werneck pareceu concordar com o desabafo.