Além de mirar na produtividade, o projeto da Fetaesc, em parceria com Epagri e Souza Cruz, quer humanizar a propriedade rural e resgatar o orgulho de ser agricultor

Além de mirar na produtividade, o projeto da Fetaesc, em parceria com Epagri e Souza Cruz, quer humanizar a propriedade rural e resgatar o orgulho de ser agricultor

No balanço de seu segundo ano de implantação, o programa Propriedade Sustentável-Produtor 10 apresentou o desempenho técnico-econômico das 70 propriedades rurais familiares, localizadas na região de Braço do Norte, Imbuia, São Miguel do Oeste e Canoinhas, que participam do projeto. A iniciativa, viabilizada graças à parceria entre Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de SC (Fetaesc), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) e Souza Cruz, tem como foco a qualidade de vida da família rural. Com o auxílio de programas de contabilidade, planejamento e organização, os técnicos, em conjunto com todos os membros da família, monitoram as atividades desenvolvidas na propriedade, visando a sua sustentabilidade econômica, social e ambiental.

“O trabalho conjunto do técnico e da família busca proporcionar aos agricultores orgulho de sua profissão e aumentar o IF (Índice de Felicidade) da família rural”, acentua Hilário Gottselig, presidente da Fetaesc.

Parceira de primeira grandeza desses agricultores, a Souza Cruz disponibiliza técnicos para ajudar a gerenciar os empreendimentos, todos ligados à produção de fumo, “A tarefa é ensinar as famílias a extraírem o melhor rendimento de suas propriedades, ajudando na escolha de fontes complementares de receita, seja por meio de outras culturas, criação de animais ou atividades que agreguem valor à produção”, explica Luciano Kovalski, da Souza Cruz.

Progresso notável

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Imbuia, Adriano da Cunha, os avanços obtidos com o programa são visíveis. Ele enxerga melhoras importantes na organização e limpeza da propriedade rural - das casas dos agricultores à cadeia produtiva. Além do mais, “o produtor rural tornou-se mais sociável, mais participativo em iniciativas como essa”, disse. Filho de agricultores, Adrianao vê, porém, que ainda é preciso ampliar a consciência social e ambiental no campo. “O produtor rural precisa pensar socialmente, aderindo a projetos que beneficiem todo o grupo”, ensina o líder rural e vereador em Imbuia.

Expansão

Para a Souza Cruz, o excelente resultado obtido em Santa Catarina motivou a empresa a ampliar a atuação a fumicultores dos estados do Paraná e do Rio Grande do Sul. Na região sul do País, 180 mil famílias produzem 755 mil toneladas de fumo, sendo 97% destinados ao exterior.
O Produtor 10, hoje atrelado a fumicultores, deverá se estender a outros sistemas de produção. A Fetaesc negociou com o Governo estadual a contratação de 25 técnicos para desenvolver o Programa em 1.200 propriedades familiares.

MISSÃO INTERNACIONAL
Empresa francesa instala-se em SC

Ao retornar a Santa Catarina, encerrando missão internacional, a comitiva catarinense liderada pelo governador Luiz Henrique da Silveira trouxe na bagagem mais um bom resultado: uma das peças fundamentais do metrô de Nova York será fabricada no Estado a partir de 2010. A empresa J. Lan Franco, responsável pela produção de porcas especiais para a indústria ferroviária, com sede na França, ratificou a decisão no encontro com a comitiva catarinense no Banco de Investimentos Natixis, em Paris. Além desta, outras duas empresas, uma de cosméticos e outra de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e de energia eólica, manifestaram interesse em investir em Santa Catarina.

Dúvida

A J.Lan Franco só tem que definir agora em qual município vai se instalar - São Francisco ou Joinville - já visitadas pela gerente de exportação da empresa, Karin Schinasi, ou Imbituba, cidade sugerida pelo prefeito de Florianópolis, Dário Berger. A principal exigência da empresa é que haja um porto e aeroporto próximos ao local da instalação. A intenção, segundo Karin, é que a unidade de Santa Catarina seja responsável pela exportação para a América do Sul e Norte. A fábrica de Paris ficaria com a exportação para a Europa. A partir da sugestão, a gerente, que visita o Brasil pelo menos três vezes por ano, prometeu voltar a Santa Catarina para verificar também a possibilidade de instalação em Imbituba. Declarou, porém, ter aprovado a infraestrutura do Perrini Parque, em Joinville.

AVICULTURA
Ano difícil, mas boa perspectiva

O Brasil, que já responde por 41% do mercado mundial de frango, deverá ser o maior produtor de aves do planeta, segundo as estimativas de lideranças do setor. Porém, antes de desfrutar desse cenário promissor, a avicultura brasileira terá que superar a série de dificuldades que vem castigando a atividade nos últimos meses.
À turbulência financeira de fins de 2008, que provocou queda nas vendas externas, somaram-se intempéries climáticas, responsáveis por danos nos aviários e interrupção dos embarques via porto de Itajaí, grande escoadouro das exportaçoes catarinenses. “Tivemos custos adicionais importantes, na faixa de 26%, para estocagem e viabilização de remessa ao exterior por outros portos”, salientou o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Clever Ávila. Ele lembrou ainda, como fatores de preocupação, a desvalorização do dólar, que aperta a rentabilidade das vendas externas, e as barreiras impostas pelos europeus a vigorar a partir de 2010.

Avila informou que entidades de peso como a Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango (ABEF) e a União Brasileira de Avicultura (UBA) e a Acav estão unidas numa operação para salvar a avicultura em 2010. Uma das diretrizes é evitar o excesso de produção que perturba o mercado interno. “ Isso faz os preços despencarem, derruba a lucratividade dos agentes econômicos e leva à falência produtores e indústrias”, argumentou Avila. Contra o protecionistmo europeu, as entidades pretendem bater à porta da OMC (Organização Mundial do Comércio) e esperam o apoio do Governo federal a essa iniciativa. “Algum tipo de compensação, como redução de taxas e impostos incidentes sobre o setor, para compensar as perdas com a defasagem cambial, também seria bem-vinda”, finalizou o presidente da Acav.

SAINT-EXUPÉRY 
Museu em Florianópolis

Em seu último dia de agenda oficial no exterior, a comitiva catarinense foi buscar apoio para a instalação de um museu dedicado a Antoine de Saint-Exupéry, autor de “O Pequeno Príncipe”, que frequentou o litoral de Florianópolis como piloto da Aeropostale, empresa de correio aéreo que fazia a rota intercontinental entre França e Brasil. Em Toulose, cidade onde nasceu a Aeropostale, a comitiva catarinense visitou o jornal Liberación. Um dos diretores do jornal, Max Armanet, que é também o vice-presidente da comissão do Conselho de Patrimônio Aeronáutico da França, mostrou-se interessado em engajar-se no projeto em Santa Catarina. “A rota realizada por Exupéry à época da Primeira Guerra Mundial é o primeiro patrimônio imaterial da humanidade. Era realizada por pessoas que arriscavam vidas levando nota fiscal ou mesmo a carta de um apaixonado simplesmente pela aproximação de pessoas”, ressaltou Max, A intenção do governo de Santa Catarina é montar em Florianópolis um museu na casa de pescadores onde Exupéry chegou a hospedar-se. “Ele ficava ali na região do Campeche, e a Lagoa do Peri recebeu este nome em homenagem a ele, que era chamado de Zé Perri pelos moradores locais”, relatou o governador Luiz Henrique.

TURISMO
Leis ambientais travam investimentos

Apesar dos resultados positivos do congresso mundial de turismo WTTC, realizado em Santa Catarina este ano, o documento com o balanço do evento, apresentado esta semana em Florianópolis, aponta dois pontos negativos. A conclusão dos investidores é que o Estado tem potencial para investimentos, mas existem dois fatores que exigem providências urgentes para viabilizá-los: não existem regras definidas para a questão ambiental e o acesso à cidade é complicado. “Com isso resolvido, a capital de Santa Catarina será case do WTTC em 2010, em Pequim”, garantiu o secretário estadual de articulação internacional, Vinicius Lummertz de Souza.