O levantamento, que ouviu mil famílias, também informa que 37% das propriedades não produzem nada e apenas 26% têm renda de mais de dois salários mínimos.

 

O levantamento, que ouviu mil famílias, também informa que 37% das propriedades não produzem nada e apenas 26% têm renda de mais de dois salários mínimos.

Pesquisa sobre assentamentos rurais, encomendada ao Ibope pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), acentuou a divergência entre o governo e os ruralistas acerca dos efeitos da reforma agrária sobre a redução da pobreza entre os assentados.
O Ibope sondou indicadores como renda, crédito e produtividade, entre outros dados, de mil famílias de assentados, de nove grandes assentamentos, classificados pelo Governo federal como emancipados e que já existem há mais de 15 anos. O levantamento do Ibope foi realizado de 12 a 18 de setembro em nove estados. Com margem de erro de três pontos percentuais, a pesquisa apresentada pela senadora Kátia Abreu, presidente da CNA, na terça-feira, 13, apurou o seguinte:
Renda: 37% dos assentados têm renda equivalente a 1/4 do salário mínimo e não produzem nada; 35% têm renda entre um e dois salários mínimos; e 26% têm renda de mais de dois salários mínimos.

Produtividade: 37% das propriedades não produzem nada; 10,7% não produzem nem o suficiente para a família; 24,6% produzem apenas o suficiente para o consumo da família; e 27,7% produzem o suficiente para a família e excedente para a venda.

Crédito: 75% não têm acesso ao programa de crédito rural do governo.

Beneficiários: 39% dos assentados são os primeiros beneficiários do programa de reforma agrária e 46% compraram a terra de outra pessoa, o que é irregular.

Analfabetismo: 21% são analfabetos, sendo que a média brasileira é de 9%. Já o trabalho infantil atinge 19% das crianças; nos assentamentos do Pará esse índice chega a 30%.

Extensão: 53% das propriedades rurais têm entre 5 e 20 hectares; 15% têm mais de 50 ha, sendo que a média é de 29 ha. Já a área destinada à produção é, em média, de 18,3 ha.

Contraste: Há no Brasil cerca de oito mil assentamentos do INCRA, que envolvem 80,2 milhões de hectares, ocupados por cerca de 870 mil famílias que, segundo o levamento do Ibope, pouco produzem. Numa área de menos de 50 milhões de hectares, o Brasil colhe cerca de 144 milhões de grãos, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento. É em torno desse constraste que a CNA quer mostrar que a posse da terra não gera automaticamente renda. “São necessários investimentos em tecnologia e assistência técnica na hora da comercialização do produto para realmente gerar renda para o agricultor”, salientou Kátia Abreu.

O presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Rolf Hachbart, minimizou a pesquisa e disse que o universo de famílias analisado é insuficiente. Lembrou que o Censo do IBGE mostra que a agricultura familiar detém 24% da área total e produz 40% do valor bruto da produção agropecuária brasileira. No Censo do IBGE, no entanto, são contempladas pequenas e médias propriedades rurais que não integram o programa de Reforma Agrária.

Defesa - No mesmo dia em que a pesquisa foi divulgada, o ex-deputado estadual Vilson Santin (PT/SC), atualmente membro da Coordenação Nacional do Movimento dos Sem Terra, ocupou a tribuna na Assembleia Legislativa para falar sobre a luta e mobilização pela conquista da Reforma Agrária, em especial em Santa Catarina, e criticou a repercussão dada pela mídia à impressionante cena de derrubada de sete mil pés de laranjas pelos sem-terra, em fazenda da Cutrale, no interior de São Paulo, transmitida em rede nacional de TV.

GOVERNO ESTADUAL
Com a caneta na mão

Depois de uma estreia acidentada, Jorginho Mello acerta o passo no comando do Estado

Nem mesmo a queda de um palco, no município de Campos Novos, no Planalto catarinense, no feriado de 12 de outubro, tirou o bom humor e a satisfação do deputado Jorginho Mello (PSDB) por assumir o comando do Executivo estadual. Presidente da Assembleia Legislativa, o parlamentar foi içado ao posto em função das viagens do governador Luiz Henrique (à Russia) e do vice-governador (aos Estados Unidos). No primeiro dia de despachos no Centro Administrativo do Governo do Estado, Jorginho Mello usou a caneta para sancionar seis leis, três das quais afetam diretamente milhares de catarinenses: a proibição do uso de fumo em lugares fechados; a instituição da laqueadura tubária e vasectomia gratuitas nos hospitais e maternidades públicas estaduais; e a autorização para distribuição gratuita de protetor solar a portadores de câncer de pele.
Jorginho também foi até a Alesc para entregar sete projetos de lei do Executivo, dentre eles o que destina 0,3% dos recursos do Fundo Social para aquisição de bolsas de estudo a estudantes carentes. Jorginho fica no cargo até dia 19.

CULTURA AÇORIANA
Festa reúne 32 municípios

Entre os dias 9 e 11 de outubro, Palhoça recebeu o 16º Açor, maior festa da cultura açoriana de Santa Catarina, que anualmente percorre o litoral do Estado com o objetivo de reunir o que há de mais autêntico e preservado da cultura de base açoriana. O evento reuniu grande público no ginásio Palhoção, centro da cidade, que se divertiu com o folclore, o artesanato, a gastronomia e a religiosidade típicos. Os estandes culturais foram representados por 32 municípios e 52 instituições do litoral do Estado. Neste espaço, diversos artesãos produziram e comercializaram suas peças feitas de barro, tecido, madeira e outros materiais. As escolas municipais de Palhoça também exibiram, em 11 estandes os conteúdos trabalhados em sala de aula durante o ano. O Açor é realizado todos os anos sob a coordenação do Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC.
Além da festa, Palhoça comemorou o estudo realizado pela Florenzano Marketing, em 2009, que a coloca como o o município mais dinâmico do País. A cidade cresceu acima da média nos aspectos econômico e social e obteve índice 64% acima da média nacional dos outros municípios.

VESTIBULAR
UFSC confirma adiamento

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que tinha vestibular marcado para a mesma data do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), confirmou o adiamento de seu processo seletivo. As provas agora serão realizadas nos dias 19, 20 e 21 de dezembro. A UFSC também estendeu o prazo de inscrição para o vestibular até o dia 20 de outubro. A universidade usará o resultado do Enem para compor 20% da nota do vestibular. Quem já se inscreveu e não puder fazer as provas na nova data, pode pedir reembolso da taxa de inscrição.

DIRETO DE MOSCOU*
Sapatilhas e música clássica

A fábrica de produtos para dança Grishko, famosa principalmente pelas sapatilhas artesanais, em breve deve ter uma unidade em Santa Catarina. O processo, iniciado no primeiro dia de agenda internacional da comitiva catarinense em Moscou, terá o próximo passo em março, por ocasião do aniversário do Balé Bolshoi. O diretor da empresa, Roman Mouradov, vai conhecer em Santa Catarina indústrias têxteis e de calçados com possibilidade de contribuírem para o intercâmbio ou mesmo produzirem para a Rússia. O vice-presidente da Grishko, Nikolay Grishko, que recebeu a comitiva do governador Luiz Henrique em Moscou, também fará uma visita ao Estado. Ele pisa em Santa Catarina em julho, quando participa do Festival de Dança de Joinville através de um estande com exposição dos produtos e, inclusive, com a demonstração ao vivo da fabricação artesanal desenvolvida pela empresa.
O governador Luiz Henrique apresentou três possibilidades possíveis para que a marca Grishko possa ter seus primeiros passos em solo catarinense: montar uma unidade no Estado, fazer parcerias com sócios através do sistema joint venture ou apenas franquear a marca para fabricação pelos catarinenses. “O Festival de Dança seleciona seis mil bailarinos, e existem no mínimo cem mil crianças em escolas de dança. Além disso, com a fábrica em Santa Catarina, a empresa poderá exportar para toda a América Latina”, argumenta o governador.
Em seu segundo dia de agenda internacional, Luiz Henrique anunciou que Blumenau é a cidade escolhida para receber uma instituição de ensino musical com o método do conservatório russo Tchaikovsky e confirmou a realização, em Florianópolis, do Concurso Internacional de Piano, que acontecerá de 3 a 10 de julho de 2010.

*Por Karina Manarin, jornalista que viaja a serviço da Adjori, ADI e Acaert.