A presidente da República afirmou que recebeu a notícia com indignação e que nunca cometeu ato ilícito. Uma comissão especial será criada na Câmara dos Deputados a partir desta quinta-feira (3)

Foi autorizada, nesta quarta-feira, pelo presidente da Câmara dos Deputados, em Brasília, Eduardo Cunha, a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff . Uma comissão especial será criada na Casa para elaborar um parecer pelo prosseguimento ou arquivamento do processo. O relatório terá de ser apreciado pelo plenário principal da Câmara.

"Não quis ocupar a presidência da Câmara para ser o protagonista da aceitação de um pedido de impeachment. Não era esse o meu objetivo. Mas, repito, nunca, na história de um mandato houve tantos pedidos de impeachment como neste mandato", ressaltou o deputado.

Pelo menos dois terços dos 513 deputados (342 votos) precisa aprovar o parecer para a abertura do processo. Se isso acontecer, Dilma será obrigada a se afastar do cargo por 180 dias, e o processo seguirá para julgamento do Senado.

Cunha argumentou que, dos sete pedidos de afastamento que ainda estavam aguardando sua análise, ele deu andamento ao requerimento formulado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.

As chamadas "pedaladas fiscais" do governo em 2015 (atrasar repasses a bancos públicos para cumprir metas parciais da previsão orçamentária) são parte do argumento do pedido. A manobra fiscal foi reprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

"Ainda hoje recebi com indignação o pedido do presidente da Câmara contra um mandato. Fui eleita de forma legítima e democrática. Nunca cometi nenhum ato ilícito. Não possuo conta no exterior. Nunca coagi ou tentei coagir ninguém. Meu passado e meu presente atestam a minha idoneidade", declarou a presidente, no fim da tarde desta quarta-feira.