
Desaprovação de Lula chega a 57%, o maior índice do mandato, mostra pesquisa Genial/Quaest

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Presidente Lula (Fotos: Divulgação CNN)
Em março, 56% desaprovavam e 41% aprovavam
A terceira rodada da pesquisa Genial/Quaest em 2025 mostra que a desaprovação do governo Lula oscilou para 57% e a aprovação para 40%, os piores resultados deste terceiro mandato. A pesquisa traz um paradoxo. Mostra queda na percepção negativa dos brasileiros sobre a economia e alta aprovação entre os que conhecem novos projetos oficiais como a isenção de imposto de renda até R$ 5 mil e a distribuição de gás de cozinha. Mesmo assim persiste a deterioração da avaliação dos principais grupos de apoio do presidente.
Para o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest, um dos motivos para essa contradição é a ampla repercussão de notícias negativas:
"A forte repercussão de notícias como o escândalo do INSS diminuiu o efeito positivo da economia e do lançamento dos novos projetos e programas do governo. O eleitor está mais difícil de ser convencido, e o governo ainda não conseguiu atender às expectativas produzidas durante a eleição. O governo está perdendo tempo. "
Faixa de renda
No grupo dos que ganham até 2 salários mínimos, a aprovação e desaprovação estão em empate técnico: 50% a 49% _ índice inédito na história de Lula. Entre as mulheres, que deram a maioria de votos a Lula em 2022, houve uma inversão: a desaprovação é de 54% e a aprovação, 42%.
Credo
Pela primeira vez, a desaprovação entre os católicos, de 53%, superou a aprovação, de 45%. A desaprovação do governo continua a subir no grupo que declara não ter posicionamento político, chegando a 61%, contra 59% em março. O Nordeste segue sendo a única região que aprova o governo, 54%. No Sudeste, a região mais populosa, a desaprovação alcançou 64% dos entrevistados – um recorde.
Avaliação geral
A avaliação geral do governo vem piorando continuamente desde dezembro de 2024, chegando a maio negativa para 43%, regular para 28% e positiva para 26%. Para 61%, o Brasil está na direção errada, contra 56% em março e 50% em janeiro.
Lula 3 x Lula 1 e Lula 2
Comparado aos dois primeiros mandatos, o governo Lula é considerado pior que os anteriores por 56%. Para 44%, o governo é pior que o do ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto 45% dizem que o governo está pior que o esperado, 36% avaliam que não está melhor nem pior e 16% dizem que está melhor. As notícias negativas prevalecem sobre as positivas para 50% dos entrevistados (43% em março), contra 28% que não têm visto notícias (26% em março) e 19% que dizem ter visto mais notícias positivas.
Economia
A percepção sobre a economia melhorou, com forte recuo na avaliação negativa dos últimos 12 meses. Em março, 56% avaliavam que houve piora no período, e na pesquisa atual 48% têm essa opinião. Para 30% a situação não se alterou e para 18% houve melhora.
Em relação à alta do custo de vida a percepção também melhorou, embora em patamares altos. O preço dos alimentos subiu para 79% (88% em março); sobre a gasolina, a percepção de alta recuou de 70% para 54%; nas contas de água e luz, o recuo foi de 5 pontos percentuais, saindo de 65% em março para 60% na pesquisa atual.
O poder de compra dos brasileiros é considerado menor do que há um ano por 79% (81% em março), e as opiniões sobre a qualidade de vida da família convergiram: para 35% piorou, para 33% melhorou e para 31% ficou igual. O mercado de trabalho é motivo de preocupação. 55% consideram que hoje é mais difícil conseguir emprego do que há um ano, enquanto 35% dizem que é mais fácil.
Expectativas
Finalmente, a expectativa para os próximos 12 meses mostrou ligeira recuperação: 45% esperam que a situação melhore, contra 30% que esperam piora e 21% que acham que não haverá mudança.
PROGRAMAS
A pesquisa dedicou um bloco a avaliar conhecimento e opinião sobre 13 programas de impacto social propostos pelo governo. Constatou que todos têm avaliação positiva entre os que os conhecem – e esses não são a maioria. Os programas mais bem avaliados são: benefícios e isenções para motoristas de aplicativos (conhecidos por 32% e aprovados por 28%) e crédito para reforma de casas do Minha Casa Minha Vida (40% de conhecimento e 35% de aprovação). O mais mal avaliado é o aumento do Bolsa Família, programa símbolo do governo Lula. Conhecido por 38%, é aprovado por 26%.
INSS
A pesquisa dedicou um bloco ao esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e verificou que 82% dos entrevistados tiveram conhecimento do escândalo, e apenas 18% não souberam. Entre os que tiveram a informação, 31% consideram o governo Lula responsável pelo desvio do dinheiro descontado de aposentadorias e pensões.
Para 14% o responsável é o INSS, 8% apontam as entidades que fraudaram a assinatura dos aposentados, mesmo índice dos que apontam o governo Bolsonaro, e 1% diz que a culpa é dos aposentados que não conferiram os descontos. 26% não souberam apontar o responsável ou não responderam.
Prioridades
Para 52%, a prioridade do governo Lula deveria ser devolver o dinheiro apenas com os recursos que forem bloqueados das entidades investigadas, enquanto 41% acham que o dinheiro deve ser devolvido mesmo que seja necessário usar recursos públicos.
A Comissão Parlamentar de Inquérito do INSS é considerada importante por 50%, contra 41% que avaliam que a investigação da Polícia Federal é suficiente. Para esse grupo, a oposição só quer desgastar o governo com a proposta de CPI.
IOF
A maioria dos entrevistados (58%) não ficou sabendo sobre as mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), e 39% souberam. Entre os que tiveram a informação, 41% acham que o governo acertou ao voltar atrás sobre o aumento do IOF para aplicações de investimentos em fundos e 36% pensam o contrário. Os outros 23% não souberam ou não responderam. Sobre a manutenção do aumento do imposto para compra de dólar e remessas de dinheiro para o exterior, 28% acham a decisão acertada, enquanto 50% acham errada e 22% não souberam ou não responderam.
Dados da pesquisa
A pesquisa foi feita entre os dias 29 de maio e 1 de junho, e ouviu 2.004 brasileiros de 16 anos ou mais através de entrevistas presenciais que utilizaram questionários estruturados. A margem de erro estimada é de 2 pontos percentuais e o índice de confiança é de 95%.
Resumo
Em sua base tradicional de apoio, Lula é desaprovado por 54% das mulheres, 47% dos que têm até o Ensino Fundamental e 49% dos que ganham até 2 salários mínimos
Pela primeira vez, a desaprovação supera a aprovação entre os católicos: 53% a 49%
Para 45%, governo Lula está pior do que o esperado
Governo é apontado por 31% como responsável pelo desvio do dinheiro do INSS
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