Fogo amigo

O início da vacinação dos professores virou objeto de disputa política de todos os lados em Santa Catarina. Começou com a necessidade de acelerar a imunização sem haver doses suficientes nos estoques, e culminou com a pressão sobre as equipes técnicas de saúde. Há uma disputa de protagonismo. Primeiro, o governador Carlos Moisés tomou a dianteira e anunciou a data. Depois, prefeitos correram para a imprensa pedir a antecipação. É claro que o processo de enfrentamento à pandemia é um desafio, mas virou cena comum gestores da União, estados e municípios jogarem a culpa uns nos outros. Para piorar, o esquema de comunicação é falho: nesta semana, mais uma vez, prefeitos e o governador divulgaram informações antes mesmo das suas equipes de comunicação, nos seus perfis pessoais, e não nos oficiais. É o que na imprensa se chama de 'furar' o outro. Aqui no caso, é fogo amigo. 


Frustração

No fim, as equipes de saúde decidiram antecipar a vacinação dos professores. A reunião técnica nem havia terminado, e o assunto já estava no Twitter do governador Moisés. "Lamentar de novo que já vazou a informação e infelizmente ela acaba sendo incompleta", disse um secretário municipal de saúde. "Dar a informação incompleta é o que gera desconforto para todos nós", completou. O problema principal é correr para informar primeiro, sem apresentar as razões e contextos de uma decisão técnica extremamente complexa. Deu nisso.


Alguns deputados na Alesc agem abertamente em favor de outros partidos que não os seus: estão apenas aguardando a janela partidária para trocar de sigla. É o caso de Laércio Schuster e Nazareno Martins (ambos PSB) que devem se deslocar para o Podemos no ano que vem. O anúncio oficial vem depois, mas a prática já começou. 


Moisés evita dar sinais de tentativa de reeleição no ano que vem. Isso em meio às movimentações de diversos outros candidatos. É possivelmente uma consequência de sua salvação do processo de impeachment, mas a tendência é de que ele tente mais quatro anos de mandato. Os sinais até aqui são de saída do PSL e disputa pelo Republicanos. 


O governo do Estado mudou a política de acesso aos processos eletrônicos. A medida é um reflexo da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que busca dar segurança a documentos sensíveis e dificulta a conferência de documentos. Já havia uma classificação para processos sigilosos, agora isso. Ganha a privacidade, perde a transparência. 



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