Comissão aprovou 179 requerimentos de informação e de convocação

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), anunciou nesta quinta-feira (18) medidas para ampliar a investigação sobre descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões. A iniciativa inclui prioridade em depoimentos e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Viana, alguns ministros do STF mudaram de posição e passaram a exigir o comparecimento de convocados à comissão. “Obtivemos uma vitória importante. A decisão do ministro André Mendonça de obrigar testemunhas a comparecer representa um avanço. Hoje iniciamos uma nova fase, mais firme e direcionada da CPMI”, disse.

As restrições de comparecimento continuam válidas para investigados presos, como Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti, apontados como líderes das fraudes.

Parlamentares querem ouvi-los na comissão ou, ao menos, nas dependências da Polícia Federal. Houve críticas ao habeas corpus do ministro Flávio Dino, que ainda beneficia Cecília Simões, esposa de Camisotti.

Silêncio
A CPMI ouviu nesta quinta-feira (18) o advogado Nelson Willians Rodrigues, alvo de operação de busca e apreensão e de pedido de prisão cautelar por transações suspeitas com Camisotti. Amparado por habeas corpus, ele fez apenas um pronunciamento inicial e depois continuou negando participação nas fraudes.

“Eu fui pego de surpresa pelos fatos, porque para mim isso é um crime hediondo. Eu não conheço o ‘Careca do INSS’. Minha relação com Maurício Camisotti começou como profissional e virou amizade. Não possuo ligação com os fatos investigados”, afirmou.

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), destacou a ostentação do advogado nas redes sociais, a movimentação financeira superior a R$ 4 bilhões e sua posição “no centro das investigações”. Para Gaspar, “o silêncio dele falou alto. Chega como testemunha e sai como provável investigado pela CPMI”.

Viana afirmou que a postura dos depoentes não atrapalha os trabalhos. “Não vamos deixar de trazer ninguém. Mesmo em silêncio, o relatório será feito com base nas investigações, quebras de sigilo e informações obtidas. É um quebra-cabeça que vamos montar peça por peça”, declarou.


Novas convocações
A comissão pretende organizar os cerca de 80 convocados em lista de prioridade e pode pedir prorrogação dos trabalhos. Um agente da Polícia Federal auxilia nas apurações, principalmente em casos de lavagem de dinheiro.

Na reunião desta quinta-feira (18), a CPMI aprovou 179 requerimentos de informação e de convocação. Entre eles os que deverão ser ouvidos na comissão estão os ministros Vinícius Carvalho (Controladoria-Geral da União) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Esses pedidos foram transformados em convites. Nesses casos, eles não são obrigados a comparecer.

Também foi solicitado ao STF que informe sobre eventuais políticos citados na investigação da Polícia Federal. “Não temos nada a esconder. Se houve político que favoreceu o roubo da Previdência, a população tem o direito de saber. Mas não se pode fazer pré-julgamento”, disse Viana.

A CPMI apura fraudes estimadas em cerca de R$ 6 bilhões, ocorridas entre 2019 e 2024.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Tags

  • Antônio Carlos Camilo Antunes
  • Careca do INSS
  • CPMI
  • INSS
  • investigação