Em pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa, na tarde desta quarta-feira (27/08), o deputado Marcos José de Abreu - Marquito (PSOL), destacou a importância da campanha “Agosto Lilás” pelo fim da violência às mulheres. “O problema da violência contra as mulheres é um problema da sociedade e, principalmente dos homens, pois eles são os agressores. É função do estado protegê-las”, disse o parlamentar, que usou gravata lilás para marcar seu apoio à campanha contra a violência e apresentou dados sobre os crimes que têm ocorrido.

Para ilustrar a sua fala, o deputado apresentou informações sobre esse tipo de violência, no país e no estado de Santa Catarina. Ele mencionou levantamento recente, realizado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que reúne dados de janeiro de 2024 a julho de 2025, e que revelam números alarmantes: mais de 600 mulheres, vítimas de violência doméstica, recorrem à Justiça para solicitar medida protetiva, semanalmente. De acordo com esse mesmo levantamento, nos sete primeiros meses de 2025, o Tribunal de Justiça julgou 106 casos de feminicídio no estado, quase quatro por semana. O número é 36% maior do que o mesmo período do ano anterior. Outro dado é que a Justiça catarinense concedeu 18.387 medidas protetivas nos primeiros sete meses deste ano. O somatório equivale a 87 por dia.

 

Dados nacionais


Marquito também apresentou dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025. Segundo o documento, em 2024 foram registrados 87.545 estupros no país, o maior número da história. Entre as as vítimas, 76,8% são crianças e adolescentes de até 14 anos, configurando estupro de vulnerável. “Ou seja, a cada seis minutos, uma mulher foi estuprada no país”, apontou o deputado.

Ele citou ainda, o número de 1.492 feminicídios, a maior marca desde que o crime passou a ser tipificado em 2015, onde 80% das mulheres assassinadas foram mortas por companheiros ou ex-companheiros. Desse total, 64% dentro da própria residência, e 63,4% eram mulheres negras.

“Quero chamar a atenção de todas e todos aqui presentes: o que eu acabei de trazer para vocês não são só dados estatísticos ou números, são vidas. Vidas que, por conta do machismo estrutural, do patriarcado, da impunidade e da naturalização da violência, as vidas de mulheres, meninas e jovens são ceifadas todos os dias”, enfatizou o deputado.


Cine-Debate


O mandato do deputado Marquito na Alesc está engajado em várias ações no enfrentamento às violências sofridas pelas mulheres: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.

O Núcleo de Mulheres, formado por assessoras e apoiadoras do mandato, realiza em Florianópolis, nesta quinta-feira (28), a partir das 19h, o evento “Cine-Debate”, com exibição gratuita de curta metragens com a temática violência contra as mulheres. O evento será no Bar do Jeff (Calçadão da Rua João Pinto, 165), Centro Leste. Após a exibição dos filmes, haverá Roda de Conversa.

Essa ação foi organizada para divulgar a contribuição da Lei Maria da Penha, sancionada em 07 de agosto, (Lei número 11.340/2006), nome que homenageia Maria da Penha Maia Fernandes, que se tornou símbolo da luta contra essa violência após ser vítima de uma tentativa de feminicídio, ficando paralítica após seu marido atirar nas suas costas enquanto ela dormia.

“Combater a violência contra as mulheres é um ato profundamente político e uma urgência social em um país ainda marcado pelo machismo estrutural e pela lógica patriarcal que naturaliza o controle sobre os corpos femininos”, defende Maíra Magdaleno, uma das articuladoras do núcleo.