A autora, atriz e diretora teatral Zeula Soares, neste domingo (23.08), às 20h, no Teatro Governador Pedro Ivo
A autora, atriz e diretora teatral Zeula Soares, neste domingo (23.08), às 20h, no Teatro Governador Pedro Ivo, antecedendo o espetáculo de encerramento do 16º Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo, será homenageada com um troféu. Este é o terceiro ano consecutivo que a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), promotora do evento, laureia uma personalidade de reconhecida colaboração para o desenvolvimento do teatro na cidade.
Em 2007, a honraria foi entregue à professora Vera Collaço, do Centro de Artes (Ceart) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), representando o meio acadêmico. Ano passado, a distinção foi para o iluminador Carlos Falcão, reverenciando um profissional da área técnica. Agora, a estatueta será conferida a alguém que de fato exerceu o ofício de ator e passou parte de sua vida sobre um palco, quando não de olhos voltados para ele.
Nascida na Capital, filha de Odete Machado Soares e João Auta Soares, é licenciada em filosofia e bacharel em serviço social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Rendeu-se ao mundo artístico e começou a fazer teatro em uma época bastante difícil, não só por ser mulher, mas também pela imposição do regime militar. Segundo ela, a censura em Florianópolis era mais branda, mais burra e os censores – um assistindo à peça, outro acompanhando o texto – até simpatizavam com os artistas.
Passou pelo extinto Teatro Universitário de Santa Catarina (Tusc), pelos grupos de teatro do Sesc e do Sesi e ajudou a fundar o Grupo Armação, em 1972. A estreia foi dia 11 de setembro, no Teatro Álvaro de Carvalho (TAC), com o bem sucedido musical “Contestado”, escrito por Romário Borelli e dirigido por Augusto Nilton de Sousa, ambos catarinenses. A trupe era formada por um grande número de jovens atores e profissionais liberais amantes das artes cênicas. Entre os iniciantes, a atriz Denise Stoklos, hoje reconhecida internacionalmente, que morava em Curitiba e veio integrar o elenco.
Depois da primeira montagem, muitos componentes voltaram a se dedicar exclusivamente às suas profissões, mas ela permaneceu ao lado de colegas como Ademir Rosa, Chico De Nez, Édio Nunes, José Carlos Ramos, Sandra Ouriques e Zica Vieira. Aos poucos, outros atores experientes vieram dar sua contribuição, como Waldir Brazil, que na época já somava mais de 30 anos de vida artística.
Das 56 montagens do Armação, entre infantis e adultas, Zeula atuou em 20 delas: “Está Lá Fora Um Inspetor”, “Caminho de Volta”, “Um Grito Parado no Ar” (melhor atriz Troféu Bastidores 1978), “Eles Não Usam Black-Tie” (melhor atriz Troféu Bastidores 1979), “A Resistência” (melhor atriz Troféu Bastidores 1981), “Oração para um Pé-de-Chinelo”, “Zumbi” (melhor atriz Troféu Bastidores 1982), “Folias do Coração”, “Gota d’Água” (melhor atriz Troféu Bastidores 1985), “O Inspetor Geral”, “Ária da Capo” (leitura dramática), “Os Órfãos de Jânio”, “Quem Casa Quer Casa” (melhor atriz Troféu Bastidores 1990), “PT – 11 Anos”, “Última Instância”, “Flores de Inverno”, “As Quatro Estações”, “Sorrisos Meio Sacanas”, “Contestado, a Guerra do Dragão de Fogo Contra o Exército Encantado” e “Sonho de Uma Noite de Velório”. O Troféu Bastidores era promovido por Valdir Dutra, com apoio de empresas locais e a escolha era feita por meio de voto de profissionais da área e do público.
Como diretora, assinou trabalhos para o Grupo Armação, do qual já foi presidente, e para o Grupo de Poetas Livres. Entre eles: “Natal de Portas Abertas” (co-direção de Rogério Hildebrand), “Cala a Boca Já Morreu” (de sua autoria), “Arte e Folclore”, “Natureza Mulher”, “João, o Poeta da Dor (e do Amor)”, “No Balanço do Mar”, “Poesia, Luz e Som”, “A Utilidade da Utopia” – 1ª Fase, “Balada dos Já-com-Terra”, de Júlio de Queiroz. Nesta função, também foi premiada no Festival de Teatro Relâmpago do Café Matisse.
Autora de diversas peças teatrais encenadas em empresas durante a Semana de Prevenção de Acidentes do Trabalho, também colabora com textos e poemas para a revista “Ventos do Sul” e em antologias de poesias, contos e crônicas. Foi vice-presidente do Grupo de Poetas Livres, que oficializou como sua a “Oração do Poeta”, escrita por ela. Publicou texto sobre portadores de deficiência mental numa revista especializada em língua alemã e é voluntária e participa da diretoria da Cooperativa de Pais e Amigos de Portadores de Deficiência (Coepad).
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