Nesta quinta-feira (16), gestores da saúde estaduais e municipais de Santa Catarina decidiram seguir a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades e não privados de liberdade, ao contrário do que havia sido recomendado pelo Ministério da Saúde. A medida polêmica saiu após muita discussão e temor de que o Ministério puna aqueles estados que vão na contramão das orientações. A principal sanção seria a não de entrega de doses. 

No Estado, os gestores - secretários municipais e membros da Secretaria de Estado da Saúde (SES) - querem avançar na vacinação de adolescentes, assim como na dose de reforço para idosos. Mas para isso precisam de novos imunizantes.

Nesta quinta, o ministro Marcelo Queiroga sinalizou que deseja avançar na aplicação da D2 para adultos acima de 18 anos - uma possível cortina de fumaça para falta de vacinas para avançar junto aos adolescentes.

A antecipação do intervalo da Pfizer de 12 para oito semanas estaria no pacote: com o adiantamento, o Ministério garantiria a oferta aos adultos, sem enfrentar a vacinação de três ou quatro grupos ao mesmo tempo. Isso porque pode não haver vacina para todos. 

A divulgação de possíveis erros na aplicação da vacina de adolescentes por Queiroga foi entendida como uma desculpa para pressionar os estados e municípios a acatarem a recomendação. A SES anunciou que vai investigar o caso. 

Uma possível retaliação do Ministério seria enviar doses com "carimbo" para D2, a fim de forçar o Estado a paralisar a imunização de adolescentes ou provocar "desobediência" ao plano nacional de vacinação. Em Santa Catarina, os gestores descartam usar D2 como D1 ou vice-versa. 

Nos bastidores, houve muita reclamação sobre as declarações do ministro, que condenou a ação de estados e municípios de avançar na vacinação de adolescentes antes do suposto acordado. Queiroga chegou a apresentar dados de supostos eventos adversos da vacina em adolescente, o que desacredita o imunizante e expôs uma rachadura entre as lideranças do segmento.

Além da falta de Pfizer para atender todos os grupos, há o temor da falta de AstraZeneca. O Estado precisaria de 130 mil doses até 23 de setembro para completar esquemas vacinas iniciados em junho e julho.

A SES e o Conselho de Secretariais Municipais de Saúde de SC (Cosems/SC) enviarão uma carta a lideranças nacionais pedindo a reconsideração da recomendação do Ministério. Até o fim de tarde desta sexta-feira (17), não havia confirmação de que o documento havia sido despachado.




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