No tradicional Concerto das Nações, no 18º Festival de Música de Santa Catarina, a música une russas e ucranianas no mesmo espetáculo

A noite desta segunda-feira, 16, foi marcada por fortes emoções no 18º FEMUSC. Quem prestigiou o tradicional Concerto das Nações, em que músicos de diferentes países sobem ao palco reverenciando a própria cultura, com certeza voltou para casa com o coração cheio de esperança e amor. O espetáculo deixou uma linda mensagem sobre a importância que a música tem quando se trata de ultrapassarmos as diferenças por aquilo que amamos fazer.
O Concerto das Nações uniu musicistas de 13 países no palco do Grande Teatro da Scar, e o ponto alto foi a apresentação dos dois países que estão em guerra desde fevereiro do ano passado. Três alunas do FEMUSC, de nacionalidade russa, e uma ucraniana subiram ao palco juntas, mostrando que a música transcende barreiras e une povos. Elas apresentaram a obra ‘Olhos Negros’, composição russa, com letra escrita pelo poeta e escritor ucraniano Evgeny Pavlovich Grebinka. Enquanto as musicistas se apresentavam, todos os alunos de outros países no palco, e a plateia também, acenderam as lanternas de seus celulares como símbolo de paz.
A soprano Anastasia Pogorelova, de nacionalidade russa, conta que é a primeira vez que vem ao FEMUSC. “Senti um clima de hospitalidade, fui recebida com muitos sorrisos. Senti um amor pela música no ar”, revela. Já a pianista Kristina Meliukhina, também da Rússia, ficou emocionada ao levar uma mensagem tão simbólica ao palco do FEMUSC. “Política é política. E, gente é gente!”, resumiu.
A oboísta Aglaia Golubeva, mais conhecida como Glasha, foi responsável por trazer o ‘oboé de caccia’ diretamente do Conservatório Tchaikovsky (Moscou) para o FEMUSC. Ela explica que a música é seu grande sonho, e que é uma forma de expressar os próprios sentimentos. Por fim, a ucraniana e violinista, Margaryta Osypchuk afirmou que é muito triste a guerra. E, enalteceu o FEMUSC, que além de celebrar a música, e a diversidade, também acabou formando essa amizade entre elas.
Já Alex Klein, maestro e idealizador do FEMUSC, destacou que ao olharmos para as nossas diferenças, nós percebemos que, no fundo, somos todos iguais. E, que qualquer diferença que temos com outros países é muito menor do que o que podemos fazer se trabalharmos todos juntos. "Nós não somos ninguém sem as nossas raízes. A ideia não é tomar partido, a ideia é a música ficar acima da guerra. A união, a música e a paz são superiores à guerra. Então, se elas podem subir nesse palco, e juntas cantarem com amor, nós podemos fazer um mundo melhor", enfatizou.
Mais emoções
O grand finale reforçou essa mensagem de paz, com todos os alunos no palco cantando a música We Are the World, de USA for Africa, que aborda exatamente a necessidade de os povos darem as mãos e cessarem a guerra.
O espetáculo contou com apresentações de grupos de outros 11 países, como Peru, México, Chile, Argentina e Brasil. Os Argentinos fizeram festa no palco e relembraram o título da Copa do Mundo, conquistado recentemente, no Qatar. O Brasil foi representado pela MPB, com apresentação da cantora Karinah, conhecida por seu repertório engajado e cheio de brasilidade.
Programação
Nesta terça-feira, 17, seguem as apresentações do FEMUSC, com a série Grandes Concertos, que acontece no Grande Teatro, sempre às 20h30. O FEMUSC 2023 vai até o dia 28 de janeiro, em Jaraguá do Sul, com aproximadamente 200 apresentações nos teatros da SCAR e também em alguns pontos da cidade. Os concertos são todos gratuitos, mediante retirada antecipada de ingressos. Eles são disponibilizados sempre 48 horas antes do espetáculo, na secretaria da Scar.