Retrospectiva do Inverno e previsão para a primavera em SC, por Gilsânia Cruz e Francine Gomes ? Meteorologistas da Epagri/Ciram

 

Inverno chuvoso, com frio intenso em junho e julho

As massas de ar frio começaram a chegar em maio, declinando acentuadamente as temperaturas no estado, ficando mais intensas e freqüentes em junho e julho, meses que registraram o frio mais rigoroso no estado, com ocorrência de geadas significativas e amplas em SC. Já, o mês de agosto foi bem mais ameno, com a influência de poucas massas de ar frio e de uma forma geral com fraca intensidade, alternando com períodos mais aquecidos chamados de veranico. No trimestre de inverno, a temperatura ficou próxima da média climatológica e frio diminuiu no fim da estação, como o previsto.

Com relação a precipitação, o trimestre foi marcado por chuvas acima da média em todo o estado, bem distribuídas no tempo e no espaço. Por vezes, os eventos de chuva estiveram associados a temporais, mais intensos neste mês de setembro com ocorrência de tornados no Oeste e Meio-Oeste do estado. Parte desta estação foi influenciada pelo fenômeno El Niño, que favoreceu a ocorrência de mais chuvas com a intensificação dos sistemas meteorológicos e uma diminuição do frio no fim da estação.

E a primavera em SC, como será?

Início dia 22 de setembro às 18 h e 18 min: A previsão é de uma estação chuvosa.

Com a condição de El Niño, a previsão é que as chuvas fiquem acima da média climatológica, no trimestre OUT/NOV/DEZ. Em outubro são esperadas chuvas freqüentes, assim como tem sido observado em setembro, lembrando que, pela climatologia, outubro concentra os maiores volumes de chuva, principalmente no Oeste (entre 170 a 250mm), por influência das frentes frias e dos Complexos Convectivos de Mesoescala - CCM (aglomerados de nuvens intensas, com grande extensão vertical e horizontal), que se formam no Paraguai e avançam pelo estado. Associado a estes sistemas é comum a ocorrência de eventos extremos pelo menos até a primeira quinzena de novembro, como chuvas abundantes, com totais iguais ou superiores a média do mês em um único dia, assim como, as ocorrências de granizo são maiores e em anos de El Niño essa condição pode ser acentuada.

Na segunda quinzena de novembro e primeira quinzena de dezembro, com a diminuição da atuação destes CCM, o tempo torna-se mais estável, com menor nebulosidade e ar mais seco, o que favorece a ocorrência de períodos mais longos sem chuva. A partir da segunda quinzena de dezembro, tem início o processo convectivo, responsável pelas pancadas isoladas de chuva de final da tarde, típicas de verão.

Outro fenômeno bastante observado nesta época do ano, em especial entre outubro e novembro, é o vento, que associado principalmente a passagem de frentes frias, se intensifica e provoca agitação local no mar, atrapalhando um pouco os pescadores e atividades marítimas.

Em relação às temperaturas, a previsão é que fiquem em média dentro da ‘normal’ climatológica para o trimestre. As temperaturas mínimas devem ficar acima da média e as máximas abaixo devido a maior cobertura de nebulosidade no período.