Brasileiros que moram nas regiões Sul e Sudeste contam com duas vezes mais médicos à disposição que moradores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste
Atualmente, o Brasil conta com uma razão de 2 médicos por grupo de 1.000 habitantes. Contudo, esse índice flutua nas diferentes regiões. Duas das grandes regiões do país estão, no entanto, abaixo do índice nacional: a região Norte, com 1,01 por 1.000 habitantes, e a Nordeste, onde essa razão é de 1,23. Na melhor posição está o Sudeste, com razão de 2,67, seguido pela região Sul, com 2,09, e o Centro-Oeste, com 2,05 (Gráfico 1).
As diferenças aumentam quando se olha os números por estado da Federação. O Distrito Federal lidera o ranking, com uma razão de 4,09 médicos por 1.000 habitantes; seguido pelo Rio de Janeiro, com 3,62; e São Paulo, com razão de 2,64. Outros três estados têm índices superiores à média nacional: Rio Grande do Sul (2,37), Espírito Santo (2,17) e Minas Gerais (2,04).
Na outra ponta (com razão inferior a 1,5) estão 16 estados, todos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Com menos de 1 médico por 1.000 habitantes, aparecem Amapá (0,95), Pará (0,84) e Maranhão (0,71) – índices comparáveis a países africanos. Um olhar mais de perto permite notar distorções e desequilíbrios ainda mais acentuados dentro dos próprios estados, regiões e microrregiões (Tabela 1).
Diferentes fontes – O segundo volume da Demografia Médica no Brasil confirma que o cenário de desigualdade na distribuição dos médicos no país é confirmado por todas as fontes de dados utilizados como referência na contagem dessa população. Todas as formas de contar médicos possuem vantagens e limitações metodológicas. No entanto, o estudo reforça e converge para o cenário de desigualdade na distribuição dos médicos no Brasil.
O critério mais empregado no estudo Demografia Médica é a base de dados de registros nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Outro parâmetro são os registros da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que reúne dados dos médicos com vínculo empregatício, formalmente contratados por empregadores privados e públicos. Neste caso, há o registo de 275.548 médicos contratados com carteira assinada no país – 79% deles concentrados no Sudeste, contra 4% presentes na região Norte (Tabela 2).
O terceiro critério é o de médicos cadastrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), um referencial para quantificar médicos do SUS, mas que possui subnotificação, especialmente dos profissionais que atuam no setor privado. Nesta base, há 287.693 médicos cadastrados, sendo que 54% deles também atuam na região Sudeste. Novamente, o Norte aparece na outra ponta, também com apenas 4% dos profissionais de todo o país.
Por fim, a pesquisa utiliza o critério de postos de trabalho ocupados por médicos (o mesmo médico pode ocupar mais de um posto) referenciados na Pesquisa Médico-Sanitária (AMS-IBGE). Esta aponta 636.017 postos de trabalho médico ocupados no Brasil nos setores público e privado. Nesta base, o Sudeste também lidera o ranking, com 54% dos médicos, contra 5% da região Norte. (Tabela 2)
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