País precisa investir em capacitação para desenvolver software, afirma especialista
O Brasil poderá se beneficiar das oportunidades que estão surgindo no mercado mundial dos serviços de Tecnologia da Informação (TI), principalmente no setor das terceirizações, as chamadas outsourcings. Mas, precisa investir em capacitação para o desenvolvimento de softwares ? programas de computadores.
A previsão é do presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software e Serviços para Exportação (Brasscom), Antonio Carlos Rego Gil, que falou sobre TI ontem (28) durante o 20º Fórum Nacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE), no Rio de Janeiro.
?Para você ter uma idéia do que nós estamos falando, no mercado de US$ 1,2 trilhão de serviços em nível global, existe um potencial de US$ 300 bilhões a US$ 400 bilhões para serem investidos sob a forma de outsourcing?. Mas, Antonio Carlos Gil alega que, muitas vezes, falta capacitação para lidar com as peculiaridades do setor. ?Não existe mão-de-obra qualificada para fazer tudo que vai precisar ser feito em termos de desenvolvimento de software e de serviços?.
O presidente da Brasscom afirmou que somente este ano serão gastos cerca de US$ 70 bilhões em serviços terceirizados, dos quais 50% irão para a Índia, primeira no setor de TI no mundo, segundo ele. Mas, os países começam a buscar outras alternativas de mercado em função das diferenças culturais, da distância, inflação de custos e condições geo-políticas indianas.
Ele afirmou que as três alternativas viáveis são Rússia, China e Brasil. ?O Brasil é declaradamente o melhor?. Isso se deve, frisou Antonio Carlos Gil, ao mercado interno brasileiro, que é igual ao da China e superior ao da Índia e Rússia, e ao conhecimento nacional em termos do uso de TI em setores como serviços financeiros, por exemplo, que é ?ímpar no mundo?.
O principal entrave a ser vencido pelo Brasil na área de outsourcing é que o custo da mão-de-obra, ?onerado pelos impostos, não é competitivo?. O primeiro passo para superar esse problema foi dado pelo governo federal na nova política de desenvolvimento produtivo. ?Mais do que a desoneração em si, é um passo político importantíssimo, inclusive com repercussão internacional?.
Mas, o presidente da Brasscom lembrou que há outros desafios a serem vencidos, embora o Brasil seja o 8º maior mercado interno do mundo e um dos mais capacitados em vários setores. Ele explica que as 35 empresas associadas à entidade se comprometeram junto ao governo a exportar US$ 5 bilhões em 2011, contra os US$ 800 milhões registrados em 2007. Para isso, terão de treinar 100 mil profissionais em TI, inclusive com inglês técnico.
Ele se referiu ainda à necessidade de fortalecimento das empresas nacionais, o que está previsto na política anunciada pelo governo. ?A estrutura de capital das empresas brasileiras é frágil. Para competir no mundo global, onde nós estamos falando dessas cifras, você precisa de empresas fortes. O que o Brasil fez em agricultura, em energia, em siderurgia, em aeronáutica, precisa fazer em TI.
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