'A agropecuária e os biocombustíveis brasileiros não competem com a segurança alimentar'. A afirmação é do presidente da Comissão de Agricultura (CRA), Senador Neuto De Conto (PMDB-SC),

 

 "A agropecuária e os biocombustíveis brasileiros não competem com a segurança alimentar". A afirmação é do presidente da Comissão de Agricultura (CRA), Senador Neuto De Conto (PMDB-SC), que classificou como injustificáveis as críticas internacionais contra os biocombustíveis. Esta declaração foi feita ontem na abertura da audiência pública conjunta das Comissões de Agricultura da Câmara e Senado com a participação de 21 deputados do Parlamento Europeu. Neuto De Conto aproveitou para criticar os elevados subsídios concedidos pelos EUA e a União Européia aos seus produtores rurais. "São mais de US$ 350 bilhões por ano de subsídios, que ajudam à redução do custo de produção de alguns produtos, como o açucar ( 75%) e o milho (35%); desta forma não há produtor no Brasil que consiga disputar o mercado internacional ", protestou.

Em relação às críticas de que a cana de açúcar brasileira  ? o avanço da área plantada ? é o maior vilão contra a produção mundial de alimentos o Presidente da CRA foi taxativo. " Isto é mentira. Os maiores responsáveis pela falta de alimentos é o aumento do preço do petróleo, dos fertilizantes, além de problemas climáticos típicos de uma atividade de risco, sem falar é claro, no aumento do consumo em alguns países, como China e Ìndia", declarou Neuto De Conto.

Segundo dados apresentados pelo senador, o Brasil utiliza hoje 350 milhões de hectares de terras em todas as atividades primárias da agricultura, sendo que apenas 3,6 milhões ( 1%) são utilizadas para a produção de cana para o etanol. No Brasil são produzidos 7.700 litros de etanol por cada hectare. Nos EUA são utilizados 10 milhões de hectares (3,7%) para o plantio do milho para o etanol, com uma produtividade máxima de 3 mil litros por hectare. "O Brasil hoje exporta apenas 19 milhões de litros de etanol/ano; se duplicarmos a área plantada de cana, poderíamos abastecer quase toda a frota mundial. É este o temor de vocês, que nos tornemos líderes da agroenergia mundial", desafiou Neuto De Conto.

O Presidente da Comissão de Agricultura, apesar de reconhecer as dificuldades para se firmar um entendimento entre Brasil e União Européia ? tanto sobre biocombustíveis quanto para a questão do embargo à carne bovina ? aposta em nova tentativa para aprovação de uma redução gradual dos subsídios agrícolas europeus, durante a discussão e votação das decisões da Rodada de Doha. " Vamos ter que encontrar um denominador comum",disse.