Nos últimos nove anos, perdas de Santa Catarina chegaram a R$ 22,3 milhões

O Terminal Rodoviário Rita Maria pode ter dado R$ 22,3 milhões de prejuízo ao Estado nos últimos nove anos, mesmo com crescimento anual da arrecadação. Manter a estrutura da rodoviária e o pagamento de cem funcionários efetivos e terceirizados custa em média R$ 3,6 milhões por ano, segundo o secretário de Estado da Infraestrutura, Valdir Cobalchini. Mesmo com o prejuízo milionário, ele reafirmou na sexta-feira que o processo de concessão do local só será realizado após a reforma do telhado, prevista para ficar pronta no final de 2013.

De acordo com levantamento da Secretaria de Estado da Fazenda, a receita do Rita Maria cresceu 114% no período. Pulou de R$ 848.457,88, em 2005, para R$ 1.818.576,61 em 2012. Entraram R$ 10,08 milhões no caixa da administração, R$ 22,3 milhões a menos do que a soma do gasto médio anual estimado por Cobalchini.

O levantamento reúne todos os valores arrecadados no terminal, seja com taxas de embarque (R$ 1,40 por passageiro) ou com o aluguel de salas comerciais. Contudo, as despesas com água, energia, manutenção, limpeza e encargos trabalhistas consomem o dobro do que é arrecado durante todo o ano. A situação poderia ser melhor, já que o terminal dispõe de cerca de 30 pontos comerciais para aluguel, mas as salas estão fechadas por falta de licitação.

Cobalchini anunciou a licitação da reforma do telhado e de parte do subsolo para depois do Carnaval. A obra está orçada em R$ 6,5 milhões e deve demorar pelo menos um ano para ficar pronta. Até lá, o terminal continua sob o domínio do Estado. “Não vamos falar em concessão antes de começar a reforma. Vamos estudar isso em paralelo”, argumentou o secretário.

Segundo o gerente do terminal, Valdir Konell, manter a rodoviária aberta ao público exige o trabalho de 35 funcionários efetivos e 65 terceirizados, cedidos pela empresa Orcalli. Apesar do alto custo investido, o prédio apresenta vários problemas como goteiras, fiação elétrica exposta, buracos no asfalto do estacionamento e banheiros lacrados por falta de manutenção.

Itajaí é modelo de privatização
Embora não queira adiantar como será feito o regime de concessão, Valdir Cobalchini já tem um modelo como base. Ele se espelha no Terri (Terminal Rodoviário Integrado de Itajaí), concedido pela prefeitura da cidade à empresa Coletivo. A concessão feita em 2001 é válida por 25 anos.

A gerente administrativa do Terri, Natani Nara Rizzi, não revela valores, mas garante que o negócio é superavitário. Ao todo, 25 mil pessoas pagam a taxa de embarque de R$ 4,18, o que rende R$ 104 mil mensais e R$ 1,25 milhão por ano, fora o aluguel de salas comerciais. O terminal tem banheiros bem cuidados, praça de alimentação e sistema de monitoramento 24 horas por dia. O contrato prevê que a PM (Polícia Militar) fique responsável pela vigilância.

Repassar o terminal para a iniciativa privada evitou dor de cabeça e prejuízos para a Prefeitura de Itajaí. O engenheiro Rafael Rocha, da Secretaria de Urbanismo, ressaltou que a repartição recebe pouco críticas dos usuários pelos serviços prestados. “Chegam algumas reclamações, mas nem chegam a ser oficializadas”, afirmou.