Documentário estreia nesta quinta-feira (13), na Capital

É alinhavando imagens históricas, depoimentos de profissionais e a história de sua própria mãe, costureira desde os 14 anos, que Kátia Klock constrói seu último documentário, “A Costura do Tempo”. Fruto de um trabalho intermitente nos últimos três anos, o média-metragem retrata a indústria têxtil no Vale do Itajaí, desde a influência dos imigrantes europeus até as reflexões dos jovens estilistas e profissionais da área sobre estilo, identidade e perenidade do trabalho em moda nos dias de hoje. A estréia em Florianópolis será nesta quinta (13), às 19h, na Fundação Cultural Badesc.

A figura de Marli Klock, a mãe da diretora, abre e fecha o documentário, trazendo seu lado mais intimista. Mãe e filha entram em cena, compartilhando memórias e histórias de um ofício que se torna cada vez mais raro. “Desde criança a gente acompanhava ela, o ateliê de costura fica dentro de casa e os filhos cresceram ali dentro. Eu sempre estava sentada na cadeira do lado, acompanhando cada ponto, cada bainha”, conta Kátia, que nasceu e cresceu em Brusque. Dessa forma, Marli consegue representar dois momentos diferentes da moda no Estado: o da tradição, aprendendo a costurar desde muito jovem, e o atual, da formação universitária em design de moda, que ela foi buscar depois dos 60 anos.

Mas o documentário não se atém apenas à história familiar de Kátia. “O que enriquece, eu acho, é o fato de a gente ter usado muitas imagens antigas”, diz ela. Fotografias do século 19 e filmagens desde os anos 30, entre eles o primeiro filme da marca Hering, honram a alusão ao tempo no título do filme e ilustram os depoimentos das historiadoras Sueli Petry e Maria Luiza Renaux, que contam como a indústria nasceu, falam das famílias tradicionais, e também apontam questões de comportamento da sociedade com relação à moda.

“Isso aparece muito com essas pessoas mais jovens”, diz Kátia sobre essas reflexões sobre o papel da moda hoje e suas perspectivas no futuro. Ela cita o exemplo da Orbitato, em Pomerode, instituto onde ela acompanhou as oficinas do estilista Jum Nakao, que aparecem no documentário. “Essas pessoas estão refletindo sobre como fazer com que algo que é tão voraz, que passa a cada temporada, permaneça e vire história um dia.”

Foco geográfico, questões universais

“A Costura do Tempo” foi lançado primeiramente em Blumenau, e já foi exibido em circuitos de moda e em cursos da área, inclusive em outros Estados. “Uma das contrapartidas do projeto é a distribuição para as escolas de moda e centros de cultura”, diz Kátia, que percebeu também grande interesse por parte dos cursos de história. O documentário foi realizado com os incentivos da Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, e patrocínio da Cia. Hering, Celesc e BRDE (Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo Sul).

O foco geográfico do documentário é bastante fechado, nas cidades de Brusque, Blumenau, Pomerode e Jaraguá do Sul. Mas para além do cenário do Vale, Kátia traz questões como a sustentabilidade e os novos materiais, que dizem respeito aos profissionais de qualquer região. No lançamento em Florianópolis, a sessão será comentada pela jornalista especializada em moda Maristela Amorim e pela diretora do documentário.

Serviço

O quê: Lançamento do documentário “A Costura do Tempo”, de Kátia Klock

Quando: 13/12, 19h

Onde: Fundação Cultural Badesc, rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis, tel. 3224-8846

Quanto: Gratuito