Objetivo é saber origem para evitar consumo de produto oriundo de crimes ambientais e trabalhistas


Objetivo é saber origem para evitar consumo de produto oriundo de crimes ambientais e trabalhistas

Solicitação, feita em parceria com as ONGs Vitae Civilis e Repórter Brasil, também reivindica a obrigatoriedade da etiquetagem dos produtos; objetivo é saber origem para evitar o consumo de produto oriundo de crimes ambientais e trabalhistas

O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), em parceria com as organizações não governamentais Vitae Civilis e Repórter Brasil, encaminhou ontem (25) uma carta à Presidência da República e a cinco ministérios solicitando a criação de um sistema público e gratuito de rastreabilidade da carne bovina.

O documento pede ainda a obrigatoriedade da etiquetagem dos produtos, que deverão trazer informações sobre a propriedade rural e o município onde a mercadoria foi produzida. Essas são reivindicações antigas do Idec, que já abordou essa problemática na campanha Clima e Consumo.

O objetivo é criar mecanismos para que o consumidor saiba mais sobre a origem do produto bovino consumido e possa evitar a compra de mercadorias oriundas de crimes ambientais, fundiários e trabalhistas, colaborando para minimizar os efeitos negativos das mudanças climáticas.

Um estudo do Greenpeace divulgado no início de junho mostra as conseqüências da cadeia devastadora da carne bovina na Floresta Amazônica. Essa cadeia é responsável por uma série de subprodutos como o couro e a glicerina, além do bife que vai para o prato dos consumidores.No Brasil, o gado é considerado o principal motivo de desmatamento e, consequentemente, um dos maiores causadores de emissão de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.

A carta faz referência a esse e outros relatórios divulgados nos últimos dois anos mostrando que algumas empresas-frigoríficas que compram de fazendas implicadas com o crescimento do desmatamento ilegal da Amazônia são ou foram financiadas por instituições públicas e privadas e que o governo brasileiro, por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), tem participado como acionista em algumas dessas empresas, em projetos de expansão de exportação de carne brasileira em mercados internacionais.

Para a pesquisadora do Idec, Adriana Charoux, "o consumidor precisa ser ainda muito mais informado e educado sobre as implicações negativas contidas em cada ato de compra de produto. Por outro lado, muitos já têm a consciência de que podem, através de seu consumo, punir ou premiar organizações de acordo com o grau de responsabilidade social e ambiental que tem. É preciso, então, fazermos algo para que todos tenham essa noção".

De acordo com ela, "a responsabilidade pelo desenvolvimento sustentável é de todos. Entretanto, o governo têm o desafio de criar condições que estimulem a mudança de cultura predatória que, no passado, eles mesmos estimularam".

Além do Governo Federal, a carta foi enviada para a Casa Civil da Presidência da República; para o Ministério da Fazenda; Ministério do Meio Ambiente; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.