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Hospital do Oeste registra melhoria de índices após implementação de novas práticas
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(Fotos: Divulgação)
No Hospital Santa Luzia, em Ponte Serrada, Oeste de Santa Catarina, todos os dias começam da mesma forma. Durante 15 minutos, todas as áreas se reúnem para apresentar os desafios das últimas 12 horas e as necessidades para a jornada seguinte, além das informações pertinentes para o dia de trabalho. É um momento voltado para a segurança do paciente e para todos os tipos de melhoria - neste espaço, por exemplo, a faxineira pode chamar a atenção do diretor médico sobre a rotina de limpeza e higienização do hospital.
Chamado de Safety Huddle, esse momento permite que todos tenham lugar de fala e compartilhem aquilo que julgam importante para o bom desempenho de suas funções. Uma ferramenta simples, mas ainda rara em hospitais de Santa Catarina e até do Brasil. Neste hospital de médio porte no interior do Estado, isso ocorre porque o Santa Luzia, que desde 2019 é a associação sem fins lucrativos Santo Expedito (atual mantenedora), tem uma filosofia baseada em mudança de cultura e quebra de paradigmas que vem chamando a atenção de outros hospitais da região - a equipe vem sendo convidada a apresentar suas iniciativas em outras cidades de SC, como no infantil Seara do Bem, em Lages.
"Outra atitude ainda pouco comum é a troca de plantão da enfermagem e equipe médica, que aqui acontece ao mesmo tempo, com toda a equipe reunida. Discutimos os casos e esclarecemos dúvidas, o que evita erros de comunicação e, consequentemente, diminui a ocorrência de eventos adversos, popularmente conhecidos como erro médico", explica o médico e diretor técnico Délcio Castagnaro.
Os números comprovam que essas ações simples resultam em mudanças significativas. Desde que a atual gestão assumiu, em fevereiro de 2019, houve diminuição de 32% na taxa de transferência para outros hospitais, melhora sensível nos indicadores de média de permanência geral no hospital (diminuição média em cerca de 2,5 dias) e queda da mortalidade em aproximadamente 20%.
"Em dois anos, foi como abrir um hospital novo em uma estrutura já existente. Talvez teria sido mais fácil ter construído uma entidade nova do que ter assumido esse desafio de pegar uma instituição que não tinha a confiança da população e transformá-la. A mudança foi da água para o vinho", conta Luana Dondé, que começou como enfermeira e hoje é gerente institucional.
Antes de se tornar uma associação e implementar diversas mudanças na cultura e na gestão, o hospital sofria com falta de médicos. Agora com corpo clínico completo, o número de plantões aumentou de 39 para 62 por mês, em média. Já a média de atendimentos na emergência evoluiu de 774 por mês para 1167. A média mensal de admissões na enfermaria (internações) passou de 164 para 218, enquanto o número de colaboradores aumentou de 24 para 47.
Outra mudança importante está relacionada ao fato de que, após três anos, voltaram a nascer crianças no hospital de Ponte Serrada. Apesar de não ter maternidade, o Santa Luzia agora consegue atender partos de emergência sem que seja necessário o transporte da gestante até a cidade de Xanxerê por falta de médicos.
Referência contra a Covid
Apesar de ser um hospital de médio porte e sem centro cirúrgico, durante a pandemia, atendendo a um pedido do Estado, foram abertos 30 leitos de enfermaria para receber pacientes de toda a região. Hospitais de cidades maiores e com mais estrutura, como Xanxerê e Chapecó, enviam pacientes para tratamento em Ponte Serrada. Mesmo sem ter uma infraestrutura condizente com grandes hospitais, a taxa de mortalidade ficou em menos de 2%. Dos 210 pacientes internados com Covid-19 desde o início da pandemia, apenas quatro faleceram. 20% dos pacientes foram transferidos para outros hospitais e UTI e 164 tiveram alta e voltaram para casa (78%)
"A abertura desses leitos e o fato do hospital auxiliar os demais municípios da região consagra essas mudanças. Ponte Serrada, tradicionalmente, era uma cidade que referenciava os pacientes para outras cidades e possuía um perfil de baixa resolutividade e que agregava de forma limitada à rede hospitalar da região. A possibilidade de outros municípios virem buscar atendimento no município e do hospital desafogar as enfermarias de hospitais maiores, liberando-os para os casos mais complexos, mexeu com a autoestima não só do hospital, mas do próprio município", celebra Castagnaro.
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