Ex-secretário de Estado mantinha operador financeiro para pagar colégio dos filhos, aponta PF
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(Fotos: RCN)
A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) detalharam na manhã desta quinta-feira (14) as informações da Operação Obstrução, terceira fase da Operação Alcatraz, que apura atos de corrupção, organização criminosa, lavagem de dinheiro, entre outros crimes, frutos de contratos do governo do Estado com empresas de tecnologia.
Pela manhã, a PF e o MPF cumpriram seis mandados - cinco de busca e apreensão e um de prisão preventiva - com alvo direto sobre o ex-secretário adjunto de Administração, Nelson Nappi Castello Branco Júnior. Quatro dos cinco endereços alvos do mandado são ligados a ele, além do pedido de prisão preventiva - Nappi cumpria prisão domiciliar.
Segundo as investigações, mesmo preso o ex-secretário mantinha contato com outros investigados, o que foi proibido pela Justiça, e atuava pela esposa e por terceiros para pagar as contas da casa, entre elas a entrada de um automóvel do tipo Minicooper, o colégio dos filhos, e outras despesas.
"O objetivo da operação é deixar claro que o MPF e a Polícia Federal não vão aceitar ações dos investigados para atrapalhar as investigações", disse o procurador da República, Alisson Cirilo Campos.
"Mesmo preso, mesmo indiciado em dois inquéritos policiais, mesmo com as denúncias que está respondendo perante à Justiça Federal, ele continuava persistindo na busca de valores de forma ilícita", acrescentou.
Segundo a PF, foram pagos cerca de R$ 15 mil em educação para os filhos em dinheiro vivo, além de R$ 40 mil em contas atrasadas - estas últimas por meio de cheques de terceiros. Outra operação irregular identificada foi a compra do automóvel, avaliado com preço acima de R$ 100 mil, e que teve entrada de R$ 32 mil em dinheiro vivo.
Para chegar aos dados, a PF contou com um bilhete encontrado na casa de um outro investigado que continha informações sobre os pagamentos, além da indicação de nomes de devedores e possíveis operadores financeiros. Em muitos das transações, a esposa de Nappi atuou ativamente.
"Esse bilhete tem atos típicos que consideramos de organização criminosa: valores que essa pessoa a princípio estaria devendo, tinha anotações de honorários advocatícios, colégio, contas atrasadas", disse o delegado da PF, Rodrigo Mueller.
O bilhete foi apreendido na Operação Hemorragia, a segunda fase da Alcatraz, deflagrada em janeiro de 2021. Portanto, as informações sobre os pagamentos correspondem a atos praticados em 2020.
"Esses valores foram a princípio utilizados por eles para quitação de despesas com terceiros, terceiros a princípio de boa fé. Não serão valores [alvos de bloqueios por enquanto]. Apenas o carro que foi apreendido [ainda em janeiro]", disse Mueller. Segundo a PF, a investigação ocorre para paralisar as operações financeiras de forma "a tentar enganar a Justiça".
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