Discussão sobre mudanças climáticas pauta agenda de movimentos e organizações
Questões relacionadas às mudanças climáticas, conseqüências diretas do processo de aquecimento global por que passa nosso planeta, têm aparecido constantemente na agenda de organizações e movimentos ambientalistas brasileiros.
Além da participação em fóruns mundiais sobre o tema, a sociedade civil organizada tem procurado fazer este debate olhando para a realidade brasileira e para os impactos sociais da escolha de um modelo de desenvolvimento predador dos recursos naturais e destruidor do meio ambiente.
Estão previstas várias atividades para o segundo semestre de 2009, de encontros de formação à mobilização de ativistas e entidades para a participação na Conferência do Clima de Copenhagen, que acontece de 7 a 18 de dezembro na capital da Dinamarca.
Entre elas estão as quatro etapas estaduais do Seminário sobre Mudanças Climáticas e Reordenamento territorial rural e urbano, que acontecem em Palmas (TO), de 24 a 26 de setembro, Macapá (AP), em 22 e 23 de outubro, no Maranhão, em data a definir e no Pará, de 5 a 7 de novembro.
Há também a Semana de Mobilização Global de Luta pela da Mãe Terra e contra a Colonização e Mercantilização da Vida, de 12 a 18 de outubro, em Belém e Santarém, o Seminário nacional sobre REDD, Pagamento de serviços ambientais e mercado de carbono, em 2 e 3 de outubro, o Seminário sobre Modelos Energéticos e Mudanças Climáticas, de 14 a 16 de outubro, o Encontro do Fórum Nacional pela Reforma Agrária, de 29 a 31 de outubro e o Encontro Regional do FAOR sobre Mudanças Climáticas, Mercado de Carbono e Modelos Energéticos, todos em Belém (PA).
As atividades e eventos colocados acima têm como objetivo principal fortalecer o movimento de resistência e a proposição de alternativas ao modelo de desenvolvimento que está sendo imposto aos povos tradicionais da Amazônia. Além disso, facilitam a construção de plataformas para que todos os movimentos sociais pressionem o Governo Federal e os Ministérios pela realização de um reordenamento urbano e rural.
Um exemplo disso é a articulação do Fórum da Amazônia Oriental, que reúne 300 entidades, organizações e movimentos populares para discutir questões como mudanças climáticas, território e o impacto dos grandes projetos de infra-estrutura.
Segundo Aldalice Otterloo, integrante da diretoria executiva colegiada da ABONG, toda essa articulação demonstra a situação insustentável dos povos tradicionais da Amazônia, que sofrem não só com as conseqüências ambientais da construção de grandes hidrelétricas e barragens, mas também com o impacto social que tais obras provocam nas pequenas e médias cidades da região.
“Não estão percebendo o impacto de projetos como as hidrelétricas de Tucuruí, Belo Monte e Rio Madeira para a floresta e também para as cidades, que incham ao receber as populações expulsas de seus territórios e não têm condições de atender às demandas básicas dessa população”, explica.
Para Aldalice, o desrespeito às questões ambientais, culturais, sociais e econômicas comprovam a insustentabilidade desses projetos. “O governo brasileiro deixa de considerar essas questões em nome de manter uma hegemonia na América do Sul”, coloca. “Contamos também com a pressão internacional para sensibilizar as autoridades para essas questões, como a que vai ocorrer durante o encontro de representantes das áreas onde estão as hidrelétricas, para o qual está sendo produzido um dossiê completo com questões que nosso governo não tem considerado
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