Contratos militares marcam visita de Sarkozy ao Brasil


Por Carla Mendes, da Agência Lusa

Brasília, 3 set (Lusa) - Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy consolidam a parceria estratégica entre Brasil e França com vários acordos a serem assinados segunda-feira, em Brasília, em especial o que viabilizará um financiamento de mais de 6 bilhões de euros (R$ 15,98 bilhões no câmbio atual).

A maior parte desses recursos (4,32 bilhões de euros) será usada para a construção do primeiro submarino brasileiro de propulsão nuclear e outros quatro convencionais, os Scorpènes.

O restante do empréstimo (1,84 milhão de euros) será destinado à construção de 50 helicópteros de transporte EC-725, da Eurocopter.

"São projetos estratégicos fundamentais para a defesa brasileira e para a capacitação da nossa indústria", avaliou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que teve interferência fundamental para que o financiamento externo fosse aprovado nesta semana no Senado, graças a um acordo entre os líderes.

O financiamento dos submarinos será pago pelo Brasil em 20 anos - de 2010 a 2029 - ao consórcio formado pelos bancos BNP Paribas, Societé Generale, Calyon Credit Industriel et Commercial, Natixis e Santander.

Projeto

A construção de todos os equipamentos será feita no Brasil, com transferência de tecnologia, conforme determina a parceria estratégica entre os dois países, firmada em dezembro de 2008, no Rio de Janeiro.

Em relação ao submarino de propulsão nuclear, o Brasil receberá da França apenas tecnologias não nucleares. O reator de propulsão nuclear será desenvolvido pela Marinha, no âmbito do projeto denominado Aramar, em curso desde 1979.

Segundo o Ministério da Defesa brasileiro, o custo total do programa de submarinos é de 6.790 milhões de euros, dos quais 2,46 bilhões de euros serão pagos com recursos do Tesouro Nacional.

O projeto inclui ainda a construção de um estaleiro e uma base para submarinos nucleares em Itaguaí, no Rio de Janeiro.

A parceria estratégica entre Brasil e França poderá incluir, além dos submarinos e helicópteros, a aquisição de 16 a 36 caças supersônicos numa primeira etapa, se os Rafale da Dassault ganharem a concorrência com os FA-18 Hornet, da norte-americana Boeing e os Gripen, da sueca Saab.

Segundo fontes da Força Aérea, cada caça varia entre US$ 70 milhões a US$ 120 milhões e a aquisição implicará em transferência de tecnologia para o Brasil.

Além dos contratos de financiamento para o sector militar, Brasil e França assinarão também, segundo fontes do Itamaraty, acordos de cooperação para ações conjuntas no Haiti e nas áreas de imigração, polícia, transporte e ciência e tecnologia.