Consumidor de cerveja artesanal está exigente e disposto a pagar mais
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(Fotos: Daniel Zimmermann.)
Os consumidores de cerveja artesanal estão mais seletivos e interessados, não somente em bebidas de qualidade, mas em produtos inovadores. A constatação vem do balanço do 13º Festival Brasileiro da Cerveja, que reuniu 28 mil pessoas no parque Vila Germânica, em Blumenau, no início de maio. Foram milhares de litros comercializados e um cenário revelador para este novo momento desta cadeia produtiva.
"Durante a pandemia, muitos aficionados pela cerveja artesanal aumentaram seus conhecimentos e agora retornam ao mercado de eventos com maior grau de exigência", explicou Develon da Rocha, presidente da Associação Blumenauense de Turismo, Eventos e Cultura (Ablutec), promotora do Festival, Feira, Congresso e Concurso Brasileiro da Cerveja. A cidade é considerada um cluster cervejeiro, com quase todos os fornecedores da cadeia produtiva.
Um exemplo da evolução dos fornecedores é a Leopoldina, marca da Casa Valduga, vitivinícola gaúcha com décadas de tradição. "No período da pandemia, nosso foco foi no desenvolvimento de produtos. Aproveitamos a depressão do mercado e o tempo disponível. Em vez de produtos baratos, investimos em valor agregado, porque percebemos o novo momento do consumidor", confirma Rodrigo Veronese, mestre-cervejeiro da Leopoldina. No Festival, ofereceram estilos como a Italian Grape Ale, produzida com 25% de uvas chardonnay dos vinhedos próprios e somente durante a safra. É refermentada na garrafa e custa R$ 89,00. A estrela foi a Barley Wine, uma cerveja sem gás, similar a um brandy ou a um vinho do Porto, que custa módicos R$ 499,00. Os dois rótulos esgotaram antes do encerramento do Festival.
A Cervejaria Blumenau tem apenas sete anos (seis com produção própria) e coleciona medalhas em certames no Brasil e exterior. Para o Festival, trouxeram a Catarina Sour, cuja fórmula inclui açaí e leite condensado, a Grodziskie - que resgata a tradição polonesa de envelhecimento em barris de carvalho - e a Orloge Amber Lager (tcheca), com malte de maltaria 100% catarinense. Mas a inovação maior ocorreu com a criação da CraftLab, uma 'brewery inside'. "A CraftLab é uma cervejaria dentro da cervejaria, com equipamentos, insumos e mão de obra própria", revela Marcos Guerra, mestre-cervejeiro e gerente de produção da Blumenau. "É o nosso braço de ousadia, podemos focar mais no público jovem, inovar no rótulo, embalagem e nome da cerveja", acrescenta. A linha Mestres do Tempo, de cervejas envelhecidas em barris de madeira, surgiu dessas inovações. A 'Wi have MC 8' é uma cerveja desenvolvida por alunos da Escola Superior de Cerveja e Malte, de Blumenau, batizada assim em referência à turma de mestres-cervejeiros. "Em dois anos ganhamos 60 medalhas, inclusive no Barcelona Beer Chalanger. Acho que estamos no caminho certo", considera Guerra.
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