A Assembleia Legislativa, por intermédio da Comissão de Trabalho e Serviço Público,
A Assembleia Legislativa, por intermédio da Comissão de Trabalho e Serviço Público, abriu espaço para que os adeptos da capoeira debatessem a regulamentação da profissão de capoeirista em uma audiência pública, solicitada pela deputada Angela Albino (PCdoB), na noite de ontem (7), no Plenarinho Paulo Stuart Wright. Eles decidiram encaminhar uma moção ao Fórum Parlamentar Catarinense e à Câmara dos Deputados manifestando posição contrária à aprovação de dois projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional, relacionados à capoeira. A proposição do deputado Carlos Zarattini (PT/SP), o PL nº 2858/08, que dispõe sobre a regulamentação da atividade de capoeira e cria o Dia Nacional da Capoeira e do Capoeirista, além de declarar a capoeira bem de natureza imaterial; e outro de autoria do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP), PL nº 7150/02, que pede o reconhecimento da atividade de capoeirista.
Angela também propôs a realização de audiências públicas regionais e chegou à conclusão de que a sindicalização da profissão, neste momento, seria mais benéfica para os profissionais do que a regulamentação da profissão. “Nós cumprimos o nosso papel de ouvir as diversas formas de compreensão sobre este assunto”, ressaltou.
A parlamentar aproveitou a audiência para se despedir do Parlamento catarinense. Este evento foi a última atividade realizada por Angela como deputada estadual. “Queremos garantir condições dignas de trabalho, para que os capoeiristas possam ter condições de vida depois que seus braços e pernas não agüentem mais os movimentos da capoeira”, declarou.
O vereador Ricardo Vieira (PCdoB) acredita que a sociedade não conhece a real situação dos capoeiristas. Por este motivo, enfatizou a necessidade de informação para que se tornem mais sensíveis a este tema. “A capoeira manteve vivo escravos africanos que estavam sozinhos, longe de sua pátria, cultura e família. A capoeira foi a maneira que encontraram para se defender”, explicou.
Vieira defende a regulamentação, mas reconheceu que ainda há muito a ser debatido, inclusive a forma como os entusiastas da capoeira pretendem ser reconhecidos. “Vocês necessitam de uma organização interna forte para, posteriormente, conseguir a regulamentação. A iniciativa tem que partir de dentro e não esperar que alguém de fora diga quem são os mestres”, aconselhou.
Lorival Fernando Alves Leite, conhecido como Mestre Pop, trouxe a capoeira para Florianópolis em 1979, com o objetivo de manter os jovens longe das drogas e dentro das salas de aula. Conhecedor da importância que a capoeira tem para a história do país, Mestre Pop é contrário aos projetos de lei porque não atendem as aspirações da grande maioria dos profissionais da área. “Temos que lutar para mudar a nossa história. O legado deixado pelos mestres que nos antecederam foi de miséria. Temos que enfrentar esse desafio”, incentivou.
Durante a audiência, o Parlamento catarinense e o vereador Ricardo Vieira fizeram uma homenagem à Mestre Josiane Pinho Correia, conhecida como Jô, e ao Mestre Pop, com a entrega de uma placa e um certificado, reconhecendo os trabalhos prestados à sociedade. (Denise Arruda Bortolon/Divulgação Alesc)
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