Biodiversidade é a verdade inconveniente, diz pesquisador da ONU
O representante do Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (Pnuma), Pavan Sukhdev, participa de seminário no Ipea sobre biodiversidade
Brasília - O economista e pesquisador do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Pavan Sukhdev, defendeu hoje (18) que a preservação da biodiversidade é “a verdade inconveniente” no planeta - é um tema que poucos procuram discutir. Enquanto as mudanças climáticas, segundo ele, representam “a verdade conveniente” - as pessoas levam o assunto para o debate, embora niguém queira assumir sua cota de responsabilidade. “A culpa é sempre de outro”, disse.
Ao participar de um seminário sobre economia da biodiversidade, Sukhdev comentou um estudo sobre a Economia de Ecossistemas e Biodiversidade, apresentado na semana passada na Alemanha. A estratégia consiste em atrair a atenção internacional para os benefícios da biodiversidade, destacar o custo crescente da perda da biodiversidade e da degradação de ecossistemas e reunir conhecimento de especialistas dos campos da ciência, economia e política, permitindo o avanço de ações práticas.
“Devemos reconhecer que estamos lidando com vida e que temos de ter cuidado com a maneira com que fazemos com isso. Uma das perguntas a serem feitas é o que vai acontecer se os negócios permanecerem como estão. Se continuarmos, acabaremos com uma perda significativa de biodiversidade, algo do tamanho da Austrália”, alertou.
Para o especialista, é preciso que os líderes se antecipem e evitem mudanças no lugar de apenas contabilizar perdas de biodiversidade. “É uma escolha ética”, avaliou. “Não é apenas uma questão de dinheiro. É preciso olhar para a questão humana do problema. Em 40 anos, vamos acabar tendo de comer plâncton, algo não muito atraente”, completou.
Durante a abertura do seminário, a secretária executiva do Ministério do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, destacou que a discussão acerca do tema biodiversidade não deve ser uma prerrogativa apenas dos ambientalistas. Para ela, o país vivencia uma espécie de transição, já que o debate sobre o assunto está abandonando o “ambientalês” e a política ambiental está “saindo de seus limites”.
“Temos que evoluir no debate e isso não é fácil na área econômica, mas, por outro lado, a crise nos provocou a discussão de um novo modelo. Não há nenhuma discussão econômica em que a biodiversidade não esteja no centro”, disse.
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