Área contaminada no Sul da Ilha está sujeita a novo dano ambiental em Florianópolis
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Qualquer pessoa pode acessar a área onde estão as caixas com água contaminada e balde com óleo (Fotos: Luiz Evangelista/ND)
Vigilância frágil coloca a região em risco; maricultores se preocupam com a situação no Sul da Ilha
O caminho até os dois transformadores da Celesc de onde vazaram 12 mil litros de óleo permanece liberado. No domingo, a equipe do Notícias do Dia circulou pelo terreno na Tapera, no Sul da Ilha, sem ser incomodada por ninguém. No local ainda há um balde com o líquido, que contém resquícios da substância cancerígena conhecida como ascarel, e caixas de fibra com 70 mil litros de água contaminada recolhidos do córrego afetado pelo incidente em novembro.
Tranquilo, como um passeio no campo. Assim é caminhar pelo terreno do antigo centro de treinamento da estatal. Em 30 minutos foi possível entrar no terreno por três locais diferentes: dois portões escancarados e um buraco pela cerca de tela. Apenas uma única vez a vigilância foi avistada. De longe, o guarda olhou para o local onde a água drenada do córrego foi armazenada em sete caixas de fibra, cada uma com 10 mil litros.
O alerta para a falta de segurança foi do maricultor Adécio Romalino da Cunha, 60 anos. Ele foi ao local quatro vezes após a descoberta do crime ambiental, sem que ninguém questionasse a presença dele. “Estou apavorado com a situação. Se mexeram em um transformador de aço, qualquer um pode quebrar uma caixa de fibra e tudo voltar para o córrego”, avisou.
Pelo menos nove litros do óleo podem entrar em contato com o meio ambiente a qualquer momento. O produto está em um balde que apara o líquido que escorre lentamente dos transformadores. Se chover, o recipiente pode transbordar. Por meio da assessoria de comunicação, a direção da Celesc informou que a área foi isolada pela Polícia Federal e que a segurança foi reforçada. E que a falha será investigada.
Protesto e audiência
Maricultores de Florianópolis e região participam de uma audiência conciliatória hoje, às 14h. Eles tentam a liberação do cultivo e venda do molusco suspensos pelo juiz Marcelo Krás Borges. A Fatma embargou uma área de 730 hectares no Sul da Ilha. A decisão de Borges foi mais dura: determinou a interdição na Grande Florianópolis. No domingo, o magistrado recebeu apoio da Ajufesc (Associação dos Juízes Federais do Estado de Santa Catarina). Em nota, o presidente Vilian Bollman defendeu a iniciativa de Borges no caso.
Trabalhadores da Tapera e do Ribeirão da Ilha esperam chegar à audiência com apoio popular. Às 9h, fazem uma manifestação no Centro. O objetivo é chamar atenção para os prejuízos causados pela paralisação.
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