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Experimento sobre irrigação para bananicultura da Epagri comprova aumento de produtividade e de qualidade (Fotos: Fotos: Renata Rosa/Epagri)
Pesquisa da Epagri em Santa Catarina mostra que sistemas adequados de irrigação aumentam a produtividade da banana e reduzem prejuízos da seca e dos eventos climáticos extremos.
O avanço dos eventos climáticos extremos no Sul do Brasil, como os tornados que atingiram o Paraná e Santa Catarina em novembro de 2025, tem levado pesquisadores da Epagri a buscar soluções para proteger e garantir a produtividade agrícola da região. Além dos danos causados por ventos fortes, a estiagem prolongada também ameaça a produção, sobretudo de culturas sensíveis como a banana, que já sofreu perdas severas no litoral norte catarinense em 2019.
A importância da pesquisa na adaptação climática
Diante desse cenário, um projeto de pesquisa conduzido pela Epagri, em parceria com a Fapesc, foca na avaliação de sistemas de irrigação que aumentem a resiliência da bananicultura às mudanças climáticas nas regiões subtropicais. Desde 2021, o engenheiro agrônomo Ricardo Negreiros coordena essa iniciativa na Estação Experimental de Itajaí, onde testam métodos de microaspersão e gotejamento em 200 plantas de banana de duas variedades: Prata e Cavendish (caturra).
Resultados promissores para a bananicultura
Até o terceiro ciclo de produção, verificou-se uma redução significativa no tempo de cultivo, com 33 dias a menos para a banana Prata e 58 dias a menos para a Cavendish. Além disso, a produtividade da Cavendish aumentou em 1,3 pencas por cacho. Esse avanço está ligado ao uso da fertirrigação — técnica que adiciona nitrogênio e potássio diretamente à água, facilitando a nutrição das plantas e economizando mão de obra, já que a adubação manual, feita trimestralmente, se tornou desnecessária. O fósforo, que não se dissolve na água, continua sendo aplicado manualmente apenas uma vez por ano.
Como funcionam os sistemas e o impacto no cultivo
O projeto abrange uma área de 1.215 m², com 1.580 famílias de bananeiras avaliadas, incluindo plantas sem irrigação para comparação. No sistema por gotejamento, fitas colocadas entre as fileiras duplas das bananeiras liberam água conforme a necessidade, enquanto no sistema de microaspersão, borrifadores posicionados próximos às plantas irrigam a região abaixo das folhas, reduzindo riscos de doenças.
O terreno do litoral norte catarinense, com solo misto arenoso e argiloso e pouca inclinação, é ideal para esses sistemas, porém eles não são recomendados em áreas com relevo acentuado ou solo muito arenoso, onde a irrigação por gotejamento pode formar bulbos de umidade indesejados.
Singularidades da bananeira e a relevância da irrigação
A bananeira é particularmente vulnerável à falta de água devido à sua raiz superficial, que se estende até aproximadamente 40 cm de profundidade, dificultando o acesso ao lençol freático. Além disso, o grande volume de folhas aumenta a evaporação da água, exigindo cerca de 20 litros diários por planta. Assim, um período de estiagem superior a 15 dias provoca queda na formação de cachos e frutos, diminuindo a produtividade.
Apesar de 2022 a 2024 não terem repetido o nível de seca dos anos anteriores, a aplicação desses sistemas de irrigação representa um "seguro" eficaz para os produtores, que ganham também em eficiência na absorção de nutrientes e vigor das plantas na geração seguinte.
Custo-benefício e implementação
O investimento estimado para adotar esse sistema é de cerca de R$ 5,00 por planta ao ano, considerando a depreciação do equipamento em dez anos. Esse valor, relativamente acessível para lavouras de porte médio a grande, pode representar uma significativa redução de prejuízos em períodos de adversidade.
Em um momento em que eventos climáticos extremos tendem a aumentar em frequência e intensidade, a inovação agrícola via irrigação e manejo nutricional se torna essencial para a sustentabilidade da produção rural no Sul do Brasil. A experiência acumulada por meio dessa pesquisa da Epagri reforça a importância de estudos aplicados que não apenas compreendem as particularidades locais, mas também propõem soluções práticas para agricultores enfrentarem os impactos das mudanças climáticas.
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