Presidente da companhia, Otmar Muller, fala sobre os resultados do primeiro semestre de 2025, investimentos em andamento e perspectivas para o setor de gás natural no estado

Em entrevista à Rede Catarinense de Notícias, o presidente da SCGÁS, Otmar Muller, avaliou o desempenho da companhia no primeiro semestre de 2025, destacou as principais conquistas do período e apresentou as perspectivas para os próximos meses. Entre os pontos abordados estão a redução nas tarifas do gás natural, a expansão da infraestrutura, o avanço do mercado livre e ações de sustentabilidade. Confira os principais trechos da conversa:


Como o senhor avalia o primeiro semestre de 2025 da SCGÁS?
Encerramos o primeiro semestre com a boa notícia de redução de 7,15% nas tarifas médias do gás natural em SC, fato decorrente principalmente da queda de preço do petróleo no mercado internacional e da leve valorização cambial da nossa moeda. Também contribuiu para isto a redução da parcela de custo de distribuição. São notícias muito importantes porque significam o princípio de um ciclo de reconquista de competitividade do gás natural perante outros combustíveis. Pode ser reinicio de uma espiral positiva: mais barato vende mais e, com maior venda, mais barato fica!
E também positivo, tivemos mais um bom semestre no campo da Segurança do Trabalho pela ausência acidentes com afastamento.
De forma geral os objetivos econômicos e financeiros, e a interligação de novos clientes, cumpriram as projeções previstas no nosso orçamento para o ano de 2025. Apenas tivemos revés na expansão da rede de distribuição, em virtude de dificuldades operacionais enfrentadas por uma das nossas prestadoras de serviços.


Este semestre foi marcado pela chegada de Silvio Del Boni como o novo Diretor Técnico Comercial da SCGÁS. O senhor pode falar um pouco sobre isso?
Ao final do primeiro semestre incorporou-se à diretoria Executiva o Eng. Silvio, na posição de Diretor Técnico Comercial, em substituição ao Tiago Cabral. Trata-se de uma política de rotação de funções, em que o Tiago assumiu novos desafios na EDGE, comercializadora de GN, e o Silvio que vem aplicar na SCGÁS, sua vasta e rica trajetória no campo de desenvolvimento da infraestrutura gestão comercial na distribuição do gás canalizado, em São Paulo e Rio Grande do Sul. Tal rotação de locais e atividades é uma prática saudável, promovendo o crescimento das pessoas e também para a produtividade e eficiência das equipes e da empresa. Boas vindas ao Silvio e sucesso ao Tiago.


Como o senhor avalia a sua presença no Seminário do Ministério de Minas e Energia, em Brasília?
Através da participação em eventos de interesse para o gás natural no âmbito federal, tive conhecimento das atividades do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Minas e Energia – FNSME, junto ao Ministério de Minas e Energia.
Percebendo a ausência de SC neste Fórum, alertei alguns membros do colegiado do Governo. O resultado foi a indicação do Secretário Edgard Usuy, como o representante titular e eu, seu suplente. Em virtude da minha maior disponibilidade, e também afinidade com os assuntos, passei a estar presente nas reuniões e assembleias.
Nas reuniões trimestrais do FNSME são abordados temas de interesse dos estados referentes às atividades de mineração, eletricidade, gás natural e biometano. Por conta de lacunas na regulação federal e as dificuldades decorrentes do forte aumento da molécula nos últimos anos, o gás natural tem sido o tema predominante. Além dos assuntos em pauta nas reuniões, o compartilhamento de informações e experiências com os representantes dos demais estados tem sido muito útil. As soluções, dificuldades e demandas apontadas pelos participantes ganham força e maior importância no seu encaminhamento ao Ministério de Minas e Energia, às Agências Reguladoras federais e ao Poder Legislativo.


Quais foram as principais ações e conquistas do 1º semestre de 2025?
Ao longo do último semestre, a SCGÁS consolidou avanços expressivos em diversas frentes, reafirmando seu papel estratégico no desenvolvimento energético de Santa Catarina. A companhia chegou em julho atendendo mais de 32 mil consumidores. Além das unidades residenciais que somam 31,2 mil clientes, a SCGÁS possui 370 indústrias, 127 postos GNV e 380 comércios conectados à rede.
Estão previstos R$?103 milhões em investimentos já para 2025, reforçando o compromisso da distribuidora com a infraestrutura e a segurança energética em Santa Catarina.
Entre os destaques está a conclusão da primeira etapa das redes a serem construídas para interligar a nova Estação de Transferência de Custódia em Siderópolis, o décimo Ponto de Entrega do GASBOL em Santa Catarina. Com capacidade de 1,8 milhão de m³/dia essa estação aumentará em aproximadamente 150% a capacidade de fornecimento de gás natural para o Sul do estado. A previsão é de que a nova estrutura seja concluída até dezembro de 2025.
Outro marco importante foi a rápida implantação do mercado livre de gás natural no estado. Com cinco indústrias já operando nesse novo modelo desde janeiro, o volume movimentado supera 600 mil m³/dia, com perspectiva chegar a 1,1 milhão m³/dia ainda neste ano. Santa Catarina já registra cerca de 38% do volume total consumido sob esse regime, o que posiciona a SCGÁS como referência nacional na abertura do setor.
No campo da sustentabilidade, a companhia inaugurou sua primeira usina solar em Tijucas, um projeto com 202 painéis solares e investimento de R$?475 mil. A iniciativa deve gerar cerca de 146 mil kWh por ano, o que representa uma redução de até 65% nos custos de energia elétrica da sede da regional, além da geração de créditos energéticos para 40 unidades consumidoras vinculadas à empresa.
No atendimento ao consumidor, a SCGÁS também celebrou conquistas significativas, como a marca de 10 mil clientes residenciais conectados em Criciúma — número que representa um terço da base residencial da companhia. Além disso, a SCGÁS chegou ao marco de 25 anos de operação com mais de 1.635 km de rede implantados, atendendo 73 municípios, abrangendo 67% da população do estado, e mais de 31 mil clientes em Santa Catarina, o que a coloca entre as maiores distribuidoras do país em extensão e cobertura.
Outro exemplo de impacto direto na vida da população foi a entrega de um novo sistema de aquecimento a gás natural no Hospital Tereza Ramos, em Lages. A substituição da antiga caldeira a diesel por um sistema mais eficiente e limpo, com consumo mensal estimado de 10 mil m³, trouxe mais economia, confiabilidade e sustentabilidade à unidade de saúde.

Por fim, a SCGÁS encerrou o primeiro semestre de 2025 com uma importante conquista econômica: a aprovação de novas tarifas pela Agência Reguladora ARESC, resultando em uma redução média de 7,15% no valor do gás natural para os diversos segmentos atendidos.


Como o início de operação do Mercado Livre de gás natural impacta a SCGÁS positivamente?
A entrada em operação do Mercado Livre de gás natural em Santa Catarina traz uma série de benefícios diretos e estratégicos para a SCGÁS, reforçando seu papel como operadora central da infraestrutura energética do estado e impulsionando a eficiência e a modernização do setor.
Um dos principais ganhos é o aumento do volume de gás movimentado na rede, dada a liberdade de negociação de contratos individuais e específicos às suas condições operacionais, atrai grandes consumidores que antes estavam limitados ao modelo cativo. Esse crescimento na movimentação fortalece a sustentabilidade do sistema de distribuição e amplia a relevância da malha operada pela SCGÁS. Mesmo sem vender o gás diretamente, a SCGÁS continua cumprindo com o propósito para o qual foi criada: realizar os serviços de distribuição, como transporte, medição, controle de pressão e manutenção da rede, com garantia de disponibilidade e segurança.
Outro benefício importante é o estímulo à competitividade no mercado, o que torna Santa Catarina mais atrativa para investimentos industriais. Com maior previsibilidade de fornecimento, contratos customizados e liberdade de escolha, as empresas ganham em autonomia e eficiência, e a SCGÁS se beneficia indiretamente da expansão da base de consumidores e do aumento da demanda por infraestrutura.
A adoção do mercado livre também impulsiona a modernização interna da Companhia. A SCGÁS tem investido em tecnologia, como sistemas de telemetria e comunicação diária com os agentes do setor, para garantir a apuração precisa de consumo e operação segura da rede. No geral, em ambos os modelos, livre ou cativo, a SCGÁS continuar a operar, manter e expandir com excelência a infraestrutura de distribuição de gás natural em Santa Catarina.


Uma das ações concluídas este ano foi a implementação da Oracle Primavera Unifier. Como o senhor acredita que esse sistema vai contribuir nos processos da companhia?
A implementação do Oracle Primavera Unifier traz um ganho direto em eficiência, controle e transparência para os processos da SCGÁS. Com a centralização de informações e a automação de tarefas como medições, contratos e relatórios, a Companhia reduz erros, agiliza a tomada de decisões e fortalece a governança na gestão de obras. Além disso, a integração com outros sistemas corporativos garante mais fluidez entre as áreas e prepara a SCGÁS para escalar seus projetos com mais segurança e qualidade.

 

Na primeira metade de 2025, a SCGÁS implementou sua primeira Usina Solar e também atualizou o Plano de Gestão Ambiental. Como estas ações se alinham aos valores de conscientização ambiental da companhia?
As ações realizadas pela SCGÁS na primeira metade de 2025 reforçam seu compromisso com a sustentabilidade e evidenciam a aplicação prática dos valores ambientais da Companhia. A implantação da primeira Usina Solar, ao lado da ETC-5 em Tijucas, marca um avanço importante na busca por eficiência energética e descarbonização. Composta por 202 painéis fotovoltaicos e um investimento de R$?475 mil, a usina tem geração estimada de 146.525 kWh por ano, o que deve reduzir em até 65% os custos com energia elétrica, gerando uma economia de aproximadamente R$?140 mil já no primeiro ano. Toda a energia produzida é injetada na rede da CELESC, gerando créditos para compensação em 40 unidades consumidoras da Companhia. A iniciativa também representa a adesão da SCGÁS ao Programa Energia Boa, do Governo de Santa Catarina, voltado ao fomento de fontes renováveis.
Paralelamente, a Companhia atualizou seu Plano de Gestão Ambiental (PGA), ampliando metas e estratégias para mitigar os impactos de suas operações. O novo ciclo do programa prevê o plantio de 28.350 árvores nativas para compensar as emissões do período 2023–2024. Desde 2021, já foram contabilizadas quase 18 mil mudas plantadas. O PGA é estruturado em três pilares — inventário de emissões, compensação ambiental e metas de redução — e considera desde o uso de combustíveis na frota até o consumo de energia, resíduos sólidos e viagens aéreas.
Além disso, a SCGÁS mantém campanhas internas contínuas, como “Adote uma Caneca”, que já reduziu em 98,4% o uso de copos plásticos, e outras ações voltadas à impressão consciente, ao uso de GNV na frota e à redução no consumo de energia e descarte de resíduos.
Outro ponto a destacar são os 160.000 m³/dia de GNV consumidos pela frota de 97.000 veículos no estado, que evitam a emissão de 19.285 toneladas de CO2 ao ano para a atmosfera, equivalente ao plantio adicional de 2,36 milhões de árvores.
A meta para 2025 é ultrapassar os 34 mil clientes residenciais, como este objetivo está avançando?
A meta de ultrapassar os 34 mil clientes residenciais até 2025 está avançando conforme o planejado. Atualmente, já atendemos 31.219 unidades residenciais em Santa Catarina, com destaque para Criciúma, que superou a marca dos 10 mil consumidores. Apenas neste semestre, mais de 1.900 novas conexões foram realizadas, o que demonstra que estamos no ritmo certo para alcançar o objetivo estabelecido.


Como a participação da SCGÁS em eventos como o V COGEN Sul e o Fórum de Biogás e Biometano é importante para a empresa?
A participação da SCGÁS em eventos como o V COGEN Sul e o Fórum de Biogás e Biometano é fundamental para fortalecer sua atuação estratégica no setor energético. Esses encontros ampliam o diálogo com especialistas e parceiros, além de posicionar a Companhia como protagonista na promoção da cogeração e de fontes renováveis, como o biogás e o biometano. Também são oportunidades para compartilhar experiências, acompanhar tendências e reforçar o compromisso com a inovação e a sustentabilidade na matriz energética de Santa Catarina.

 

Quais foram as principais ações de interiorização realizadas neste primeiro semestre?
Após a conclusão do Projeto Serra Catarinense — uma obra de cerca de 14 anos e mais de R$?350 milhões em investimentos, que levou gás natural até Lages e possibilitou a implantação de uma rede local —, a SCGÁS avançou, no primeiro semestre de 2025, em novas frentes de interiorização. A principal ação foi a abertura de uma chamada pública para avaliar a viabilidade de criar uma rede local em São Lourenço do Oeste, nos mesmos moldes do que foi feito em Lages. A iniciativa reforça o compromisso da companhia em ampliar o acesso ao energético em regiões ainda não conectadas à rede principal.
Além disso, segue em andamento o investimento no Projeto Planalto Norte (PPN), que busca também ampliar a presença do gás natural no interior do estado. Essas ações consolidam a interiorização como uma das prioridades estratégicas da SCGÁS em 2025, com foco no desenvolvimento regional e na diversificação da matriz energética catarinense.

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