Encargo de trazer o corpo da brasileira morta é da família, diz Itamaraty

 O corpo da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, que morreu após cair em uma cratera durante uma trilha na Indonésia, foi retirado na manhã desta quarta-feira (25), no horário de Brasília. A queda ocorreu no sábado (21). A informação foi confirmada por autoridades locais.

Agora, o corpo será levado ao posto de Sembalun e ao hospital Bayangkara, que deve determinar a causa da morte de Juliana. Após o procedimento, a família terá a liberação para trazer o corpo de volta ao Brasil. O encargo desse traslado é da família, segundo o Itamaraty

O chefe da Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia, Marechal Muhammad Syafi’i, detalhou à imprensa local que o processo de resgate ocorreu em meio a adversidades climáticas e contou com apoio de sete socorristas, além de voluntários.

 O parque suspendeu temporariamente o acesso de turistas às trilhas do Monte Rinjani para concentrar todos os esforços no resgate de Juliana. Uma equipe de sete socorristas se aproximou do ponto onde a brasileira estava na segunda-feira (23), mas precisou voltar para porque estava anoitecendo.

Segundo o governo da Indonésia, um socorrista voluntário conseguiu chegar a uma profundidade de 600 metros, onde a vítima foi encontrada já sem sinal de vida. A localização foi possível por causa de uma lanterna acesa, com auxílio de um drone térmico.

 Relembra a Tragédia no Monte Rinjani

Juliana estava em uma viagem de mochilão pela Ásia desde fevereiro, visitando países como Filipinas, Tailândia e Vietnã. Durante uma trilha no Monte Rinjani, localizado na ilha de Lombok, sofreu uma queda em um desfiladeiro de difícil acesso. A queda inicial foi de cerca de 300 metros, com Juliana escorregando até 650 metros de profundidade. Ela ficou quatro dias aguardando resgate, enfrentando condições extremas: frio, fome, sede e uma fratura na perna. A falta de roupas adequadas e suprimentos agravou a situação.

Demora no Resgate e Crítica da Família

As buscas realizadas pela Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia (Basarnas) foram dificultadas por condições climáticas adversas, terreno acidentado, neblina densa e baixa visibilidade. Um drone com câmera térmica localizou Juliana na segunda-feira (23), indicando que ela ainda estava viva, mas imobilizada. Os socorristas chegaram ao local na terça-feira (24), confirmando a morte da brasileira às 18h31 (horário local). O corpo foi removido na quarta-feira (25).

A família de Juliana, que acompanhou o caso pelas redes sociais através do perfil @resgatejulianamarins (1,5 milhão de seguidores em quatro dias), criticou a demora no resgate e a disseminação de informações falsas iniciais. A irmã de Juliana, Mariana Marins, relatou que Juliana foi deixada sozinha por cerca de uma hora pelo guia. O guia, Ali Musthofa, negou o abandono.

Reações e Condolências

O Itamaraty lamentou a morte e afirmou que a Embaixada do Brasil em Jacarta mobilizou autoridades indonésias desde o início. No entanto, o embaixador George Monteiro Prata admitiu ter repassado informações incorretas à família, com base em relatos imprecisos das autoridades locais. O governo brasileiro e a prefeitura de Niterói expressaram condolências, destacando o espírito aventureiro de Juliana, formada em Publicidade pela UFRJ e dançarina de pole dance.

Monte Rinjani: Beleza e Perigo

O Monte Rinjani, com seus 3.726 metros, é conhecido por sua beleza natural, mas também por sua periculosidade. Nos últimos cinco anos, foram registrados 180 acidentes e nove mortes na região. A trilha foi fechada após o acidente para facilitar o resgate. Brasileiros nas redes sociais criticaram a falta de infraestrutura de segurança e a demora das autoridades indonésias, gerando tensões diplomáticas. O pai de Juliana, Manoel Marins, viajou de Lisboa para Bali, enfrentando atrasos devido aos conflitos no Oriente Médio. A família está organizando o translado do corpo.

Próximos Passos

As autoridades continuam investigando as causas do acidente e as circunstâncias do resgate. A família de Juliana busca respostas e justiça.