Mercado aquecido e avanço feminino marcam cenário das engenharias

O mercado de trabalho para engenheiros e profissionais das áreas tecnológicas vive um momento positivo no Brasil. É o que aponta o Mini-Censo 2024, levantamento realizado pela Quaest Pesquisa e Consultoria, a pedido do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). O estudo revela que 92% dos profissionais estão empregados e que 67% se declaram satisfeitos com o mercado de trabalho, índices bem acima da média nacional.

A pesquisa, que ouviu 48 mil profissionais em todo o país, também destaca um dado relevante: o avanço das mulheres nas engenharias. Entre os profissionais com menos de 30 anos, as mulheres já representam um terço, o que evidencia um cenário mais diverso e inclusivo nas profissões tecnológicas.

Outro dado que reforça o bom momento do setor é que 78% dos profissionais atuam na própria área de formação, com destaque para a engenharia civil, que lidera a empregabilidade, seguida pela engenharia elétrica e pela agronomia. O levantamento também aponta que 68% dos entrevistados possuem renda familiar acima de cinco salários mínimos, resultado bem superior à média nacional.

Alta satisfação em SC
Em Santa Catarina, o cenário reflete a tendência nacional, com mercado aquecido, expansão das atividades técnicas e fortalecimento das engenharias e áreas tecnológicas. No entanto, apesar dos avanços, o levantamento também aponta desafios, especialmente no que se refere ao fortalecimento da atuação dos conselhos profissionais, com ênfase nas áreas de fiscalização, defesa do exercício legal da profissão e garantia do cumprimento do piso salarial.

O estado também se destaca no índice de satisfação dos profissionais com o trabalho atual. Enquanto a média nacional é de 67%, em Santa Catarina esse percentual chega a 70%, o segundo maior do país, atrás apenas de Mato Grosso, que registra 76%. Entre os principais fatores que explicam esse cenário estão as boas oportunidades no mercado, a identificação com a profissão e a crescente valorização da carreira.

Para o presidente do CREA-SC, Eng. Kita Xavier, o estudo reforça a importância da engenharia no desenvolvimento do estado e do país. “Os dados mostram o papel estratégico da engenharia, agronomia e geociências para a sociedade e o quanto nossos profissionais estão comprometidos com um futuro mais sustentável e inovador. Esse estudo ajuda a orientar investimentos em educação e ações dos conselhos regionais”.


Mulheres
O levantamento revelou também que homens representam 80% dos profissionais registrados no Conselho, enquanto as mulheres correspondem a 20% do total. Entretanto, os dados indicam um crescimento na participação feminina nos últimos anos. Entre os homens, 24% se registraram nos últimos cinco anos; entre as mulheres, o percentual é de 36%.

Na faixa com menos de 30 anos, as mulheres representam um terço dos profissionais. O número ainda é distante da equidade de gênero, mas muito superior à proporção entre as que possuem mais de 60 anos (12%). A mudança na demografia do Conselho fica evidente na idade média por gênero: 43 anos para homens, e 38, para mulheres.

“Ainda há uma disparidade muito acentuada, mas esse cenário vem mudando nas universidades, com a entrada de mais mulheres nos cursos de engenharia”, comenta a presidente do Senge-SC, Roberta Maas dos Anjos. Ela ressalta que a presença feminina na engenharia não é apenas uma questão de equidade, mas de ampliar olhares e soluções para os desafios da profissão. “A diversidade fortalece a engenharia. Quando garantimos espaço para que mulheres contribuam com sua competência técnica e visão sistêmica, promovemos avanços significativos para a sociedade”, afirma.

Roberta destaca o trabalho que vem sendo realizado nesse sentido em Santa Catarina desde o ano passado, com a criação do Senge-SC Mulher, que tem como missão apoiar, integrar e dar voz às engenheiras. Por meio de eventos, workshops, palestras e programas de mentoria, o núcleo promove o fortalecimento da rede de apoio entre as profissionais, incentivando a troca de conhecimento, a colaboração e o protagonismo feminino na engenharia.