Editora EdUFSC apresenta tradução de clássico da literatura modernista alemã
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(Fotos: Divulgação)
Graças à tradução da escritora e professora Maria Aparecida Barbosa, os leitores brasileiros passam a ter acesso aos contos “grotescos e cômicos” do alemão Kurt Schwitters. O livro “Contos Mércio” acaba de ser lançado pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) .
Schwitters, conhecido revolucionário e agitador cultural, foi poeta, tipógrafo, pintor e performer. Além dos contos, o livro também mostra um pouco da matéria-prima do artista e da “arte Merz: bilhetes de metrô, passagens de bonde, pedaços de madeira, restos de letras de cartazes, cacos de vidro, ferro-velho, enfim, o lixo urbano”.
Ao recuperar principalmente as narrativas dirigidas ao público infanto-juvenil, Maria Aparecida Barbosa ocupa-se de arte narrativa oral, recitativa, lida ou espontânea. “Schwitters nunca encerra as teses de maneira absoluta. Ele detém o pensamento com a afirmação de que ainda haveria muito a falar sobre o assunto”, destaca a tradutora.
O livro é um dos resultados da pesquisa de pós-doutoramento sobre a literatura modernista da língua alemã. A professora Maria Aparecida baseou-se nos textos originais do escritor, catalogados na Fundação Kurt e Ernst Schwitters do Museu Sprengel em Hannover.
O autor lançou o manifesto “O significado do pensamento Mércio no mundo”, onde faz o paralelo entre os procedimentos de criações plástica e literária. Dizia que “Mércio não quer construir, Mércio quer reconstruir”. Salientando que a “obra mais abrangente é a arquitetura”, o manifesto destacava que a tarefa de Mércio no mundo é equilibrar disparidades e distribuir cúmulos. Defendia, por exemplo, que “a arte relacionada a uma classe específica de homens não existia e, se existisse, não teria importância nenhuma para a vida”. Lançou também o polêmico Manifesto Arte Proletária.
O poeta e tipógrafo Guilherme Mansur resume o conteúdo de Contos Mércio: “Nele o leitor poderá percorrer as diversas camadas da sintaxe do poeta inventor. Já na entrada, o poema orgânico À Ana Flor - Um apanhado de frases populares em alta voltagem nonsense. Logo, aparecem letras-bicho, letras-coisa, caligramas e babados de renda tipográfica”. Mansur enfatiza que “as intrigantes histórias de Schwitters foram escritas à maneira das fábulas infantis, mas povoadas pela alma do autor”.
As fábulas de Schwitters falam por si, mas a capa, as ilustrações e o projeto gráfico da EdUFSC são um convite à parte aos leitores e amantes da arte.
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