Deputados de diferentes legendas defendem buscar o entendimento entre professores e governo

A greve do magistério público estadual repercutiu na reunião desta quinta-feira (2) de manhã na Comissão de Educação e Cultura do Parlamento. A presidente do colegiado, deputada Luciane Carminatti (PT), cobrou um posicionamento do governo do Estado para pôr fim à greve dos professores, que estão paralisados desde o dia 23 de abril. Carminatti disse que o magistério catarinense vive um momento de tensão, sem uma resposta oficial do Governo para solucionar esse impasse.

“Precisamos sensibilizar o governo. Até o momento, os professores não receberam nenhuma resposta”, disse a deputada, solicitando apoio dos demais parlamentares integrantes da comissão para, juntos, buscarem uma solução para esse impasse.

Ela colocou a Comissão de Educação e Cultura à disposição para intermediar as negociações, visando buscar o diálogo com o Executivo e os professores. 

O deputado Ivan Naatz (PL), que assumiu a liderança temporária do Governo no Parlamento, disse que a greve é motivo de grande preocupação do governador Jorginho Mello (PL). “O governo espera um recuo nessa greve para negociar”, disse.

Os demais deputados também foram solidários no sentido de buscar o entendimento entre professores e governo. “A comissão está à disposição para buscar um avanço nas negociações”, afirmou o deputado Marquito (Psol), sendo avalizado pelos deputados Mário Motta (PSD) e André de Oliveira (Novo).  

Diálogo

O deputado estadual Rodrigo Minotto (PDT) afirmou que espera que o Governo do Estado aprofunde rapidamente o diálogo com os professores grevistas. A manifestação do magistério na terça-feira (30), em Florianópolis, mostrou o quanto o movimento de greve tem aumentado nos últimos dias.

“Isso gera muita preocupação da nossa parte. As reivindicações são legítimas e faço um apelo ao governo para que haja sensibilidade e encontre rapidamente uma solução. Os professores podem contar novamente com o nosso apoio, como fiz desde o primeiro mandato, quando ao lado do magistério acompanhamos uma greve de dois meses”, destacou Minotto.

A maior preocupação é não comprometer o ano letivo dos alunos da rede pública estadual. Minotto lembra que esteve ao lado dos trabalhadores em todas as votações que chegaram à Assembleia Legislativa desde 2015, quando assumiu o primeiro mandato.

“Votei contra o desconto de 14% de aposentados e pensionistas no governo passado e fui o único deputado do Sul a ter esse posicionamento. A educação é parte fundamental do desenvolvimento da nossa sociedade e vamos seguir trabalhando por isso. Esperamos que grevistas e governo do estado encontrem em breve alternativas para que o ano letivo não seja comprometido”, acrescentou o deputado.

Cabresto

O deputado estadual Fabiano da Luz, líder da Bancada do PT na Assembleia Legislativa (Alesc), classificou de “cabresto” e preocupante a atitude do governo do Estado em relação aos professores, ao ameaçá-los com o intuito de desmobilizar a greve do Magistério.

“Por determinação da Secretaria de Estado de Educação, foi anunciado que os professores ACTs (Admissão em Caráter Temporário) que estiverem paralisados terão os salários descontados e com três faltas vão ser exonerados. Acabou o direito à manifestação! O governo mandou inclusive cortar os grupos de Whatsapp dos professores. Isto é o cúmulo!”

O deputado salientou que o direito à manifestação e à greve estão previstos na Constituição Federal e os professores estão justamente reivindicando um reajuste salarial que há muitos anos não têm, assim como o concurso público. “O governo falou em suas redes sociais que vai fazer concurso, mas não falou quando e afirmou ainda que os professores são bem remunerados.”

Para o deputado, cabe ao governo do Estado “calçar as sandálias da humildade”, sentar com a categoria, discutir e chegar num acordo que seja bom para as duas partes. “O governo cede um pouco, a categoria cede um pouco; é assim que acontece num ambiente democrático. Agora fechar portas e ameaçar, aí é um regime que nós nunca mais queremos que volte ao Brasil.”