Vendas na Páscoa caem 4,93% e atingem o pior resultado dos últimos seis anos
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(Fotos: José Cruz/ Agência Brasil)
Para especialistas do SPC Brasil, antecipação das promoções pós-Páscoa para antes do feriado refletem o mau momento do setor
O volume de vendas a prazo na semana da Páscoa (entre 29 de março e 4 de abril) caiu 4,93% em relação ao mesmo período do ano passado (entre 13 e 19 de abril). Este é o pior resultado já registrado pela série histórica das entidades, contabilizada desde 2010. Os dados são do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).
No ano passado, o aumento das vendas já havia caído de 5,31% (2013) para 2,55(2014) e atingiu marca negativa em 2015. Nos anteriores, o aumento manteve-se estável em 2010 (4,5%) e 2012 (4,84), com aumento expressivo em 2011 (7,26%).
Para os especialistas da CNDL, o desempenho confirmou o que o comércio já esperava, devido ao baixo crescimento da atividade econômica brasileira. "O resultado nunca foi tão baixo. Já projetávamos o pior crescimento dos últimos anos por conta da forte piora nos indicadores econômicos", disse o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.
Para o líder do movimento varejista, a páscoa representa a primeira grande festa do ano para o comércio e pode funcionar como uma prévia não só para o Dia das Mães, como para o desempenho da atividade comercial ao longo de 2015. "Este resultado espelha os indicadores de confiança do consumidor refletido das notícias negativas da atualidade, como as que retratam as incertezas políticas e denúncias de corrupção. Isso refreia o consumo, abala a demanda do comércio e mostra que 2015 será um ano de desafios para o varejo", avalia Pinheiro.
Os economistas do SPC Brasil atribuem o resultado ao menor crescimento da massa salarial, à alta dos juros e, principalmente, à inflação elevada. "A elevação recente da inflação corrói o poder de compra do consumidor. Hoje o brasileiro não consegue comprar as mesmas coisas com o valor gasto no mês passado, por exemplo. Isso impacta nas vendas. Como reflexo, vimos este ano um movimento atípico do varejo: antecipar as promoções pós-Páscoa para os dias que antecederam a data. Isso mostra que a demanda não correspondeu à expectativa", explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Ponce Kawauti.
O índice é calculado com base nas consultas para vendas a prazo nos sete dias que antecedem o início do feriado de Páscoa, entre o Domingo de Ramos e o Sábado de Aleluia (em 2015, de 29 de março a 04 de abril).
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