Crescimento de 4,6% é positivo, mas ainda não indica recuperação da economia, alerta especialista
O Produto Interno Bruto (PIB) terminou 2021 com crescimento de 4,6%, superando parte das perdas da economia em 2020, quando houve retração de 3,9%. No último trimestre do ano passado, o país avançou 0,5%. A pesquisa mensal do comércio de fevereiro, divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio/SC) aponta que o avanço da imunização contra a Covid-19 e a reabertura das atividades econômicas contribuíram para esse crescimento.
O setor de serviços encerrou o ano com alta de 4,7%. Com variação positiva em todos os trimestres de 2021, o setor superou o período pré-pandemia. Entretanto, a Fecomércio aponta que a alta nos preços dos produtos e na taxa de juros resultaram na limitação no consumo das famílias. Essa realidade fez com que o comércio, que teve alta de 5,5% em 2021, ainda não superasse o período pré-pandemia.
O técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Maurício Mulinari, explica que o empobrecimento da população, provocado pelas altas taxas de desemprego e subocupação da força de trabalho, impactam na economia nacional.
Para ele, o crescimento de 2021 não deve ser entendido como uma retomada econômica. "É um efeito estatístico diante da queda de 2020, e a continuidade de um processo de estagnação já de longa duração que a economia brasileira vem registrando".
Tendência de estagnação em 2022
Maurício pontua que, diante desta realidade de empobrecimento da população, a tendência para 2022 é de estagnação na economia. Os conflitos do leste europeu também são um agravante, já que o país depende de produtos importados da Rússia e Ucrânia. "Registramos uma ampliação da dificuldade da inserção do Brasil no mercado externo, e aí o fator da guerra é um agravante, as sanções econômicas que foram criadas em torno dessa guerra é um grande agravante que deve dificultar a posição do Brasil internacionalmente", explica.
Nesse cenário, a tendência é de aumento da inflação que, até fevereiro de 2022, estava acumulada em 5,6%, conforme o relatório de mercado do Banco Central. Segundo a Fecomércio, o índice de Intenção de Consumo das Famílias, que segue em nível pessimista em 92% dos estados, entre eles Santa Catarina, é um sinal de insegurança causado pelo aumento dos preços.
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