Evento reuniu representantes da indústria, da academia e do poder público

Representantes da indústria, da academia e do poder público estiveram reunidos nesta segunda-feira (3) na Celesc, em Florianópolis, para a abertura do Seminário Internacional Celesc UFSC de Inovação em Eficiência Energética. "Estamos num mundo em construção, com novas realidades e o desafio de harmonizar demanda com oferta. Isso só se vence com inovação, pesquisa e desenvolvimento" disse o presidente da Celesc, Antonio Gavazzoni.

A vice-reitora da UFSC, professora Lucia Helena Pacheco, que é engenheira eletricista, destacou a complexidade de manter o sistema elétrico de um país com as dimensões do Brasil, que demanda sempre mais energia elétrica. "Há muito a ser feito em pesquisa, tanto no equilíbrio do sistema, quanto na geração. A universidade pode e se dispõe a colaborar com esse desafio. Esse evento vai ajudar a consolidar redes de relacionamento em favor das pesquisas para empresas e universidades", disse.

Para o diretor de Distribuição da Celesc, Cleverson Siewert, energia elétrica é fator de desenvolvimento e deve primar pela coletividade. "As distribuidoras precisam anualmente investir em eficiência, e nosso desafio é democratizar cada vez mais estes investimentos".

O professor Luiz Pimentel, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC, contou que a ideia do Seminário nasceu de uma parceria antiga entre a Celesc e os cursos que tratam do tema energia. "Nós, que somos da área acadêmica e do direito, também temos claro que eficiência energética e qualidade no setor de distribuição são desafios de um estado e de um país em desenvolvimento, que precisam de cada vez mais energia. A qualidade e o menor preço devem ser perseguidos, e isso passa por pesquisa, desenvolvimento e soluções tecnológicas. Estamos trabalhando aqui para que os nossos pesquisadores possam ter condições cada vez melhores para contribuir. A UFSC está preparada e é referência, acima de tudo porque temos bons problemas para solucionar. Queremos fazer de Santa Catarina um centro de excelência em capital intelectual", completou.

Experiência internacional - a primeira palestra da manhã foi de Anselm Kamperman Sanders, da Universidade de Maastricht, Holanda, que iniciou com um questionamento: "Há muita inovação acontecendo, mas como garantir que ela atenda seu potencial de mercado?". Sanders relatou que gradualmente Europa e Estados Unidos perdem espaço em termos de registros de propriedade intelectual, enquanto os países do BRIC aumentam participação, especialmente a China.

"Cada vez mais no cenário mundial, pesquisa e negócios precisam estar alinhados. Certamente na área de energia existe uma urgência em encontrar soluções. É muito bom ver nesse evento uma representação cruzada da indústria, da academia e de legisladores. Nosso desafio é promover a inovação de forma mais aberta e garantir uma absorção mais rápida de novas tecnologias" disse.

Sanders aposta que a energia elétrica em breve deixará de ser monopólio de concessionárias. "Já vemos isso acontecendo com energia solar. Sua associação com células combustíveis deverá criar um ambiente totalmente novo. Precisamos lutar por investimentos e encontrar investidores para garantir a manutenção de ecosistemas em pesquisa e desenvolvimento".

Inovação brasileira tipo exportação - A Whirlpool, líder global de eletrodomésticos do mundo, foi representada pelo vice-presidente Desenvolvimento de Produtos e Inovação, Rogério Martins.

Como implementar uma cultura inovadora? De acordo com Martins, para serem criativas, as organizações precisam ter um ambiente criativo, que precisa existir por meio de diálogo, e não de defesa de opiniões. "Essencialmente as lideranças precisam fomentar a cultura inovadora, pois são os que têm o papel fundamental de gerir a mudança", disse. Para Martins, as companhias precisam definir o que é inovação para elas, ter clareza de onde inovar e alinhamento com a direção estratégica da organização. “Inovação requer mudança, e mudança sem patrocínio não existe. A inovação precisa trazer valor para os acionistas", disse.

A sistematização de processos na inovação também foi tema da palestra de Rogério. "Se você não sabe como se faz a inovação, você não consegue identificar em que parte do processo há maior ou menor eficiência. Se você tem processos inovadores, faz as pessoas pensarem de forma diferente", disse. Na Whirlpool o processo de inovação é dividido em duas fases: na primeira são avaliadas oportunidades, possíveis soluções e experimentos reais que são levados ao mercado; só depois se faz um plano de negócios, com influência do feedback dos consumidores.

Para Martins, todas as organizações possuem as suas ortodoxias, papéis definidos. "O papel da Celesc, por exemplo, é distribuir energia. E se a Celesc não fosse distribuidora de energia, o que ela seria? Esse é outro exercício que fazemos: inverter as ortodoxias. Na Whirlpool desenvolvemos uma eco house, que oferece serviços, em vez de produtos, e hoje é uma de nossas atividades mais rentáveis", disse.