O faturamento real do setor e as horas trabalhadas na produção tiveram crescimento em junho ante maio

A recuperação da atividade da indústria de transformação brasileira pode ter começado, mas ainda é incipiente, de acordo com a pesquisa Indicadores Industriais do mês de junho, divulgada nesta quinta-feira (07/08) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. O faturamento real do setor e as horas trabalhadas na produção tiveram crescimento em junho ante maio. No entanto, os outros três indicadores pesquisados, de emprego, massa salarial e utilização da capacidade instalada, caíram no mesmo período.

 “Temos sinais de recuperação, mas ainda não existe uma tendência clara de retomada”, alertou Renato da Fonseca, gerente-executivo de Pesquisa, Avaliação e Desenvolvimento da CNI. Segundo ele, o crescimento de 1,6% do faturamento real em junho em relação a maio pode ser uma indicação de reversão de tendência. “É preciso esperar as próximas pesquisas para confirmar”, ressaltou.
 
As horas trabalhadas na produção também cresceram em junho sobre maio. A alta de 0,2% no indicador dessazonalizado, no entanto, não permite ainda dizer que a produção está maior. “Alta de 0,2% é quase estabilidade. Só saberemos se a produção realmente está crescendo se essas altas, mesmo que pequenas, se repetirem nos próximos meses”, afirmou Marcelo de Ávila, economista da CNI.
 
O emprego industrial registrou queda no mês de junho. Na comparação com maio, a retração foi de 0,2%. “Isso pode significar que o ajuste na indústria já foi feitou ou que está próximo do fim”, disse Ávila. A recuperação do nível de emprego no setor, no entanto, deve ficar mais para o fim do ano. “O emprego é sempre o último indicador a reagir, seja na hora de cair, seja na hora de melhorar. Então, esperamos uma recuperação só mais para o fim do ano”, observou Renato da Fonseca.
 
A massa salarial real teve queda de 0,6% em junho na comparação com maio. O fato não preocupa, segundo Fonseca. “A queda de rendimento que o trabalhador da indústria está tendo é compensada pela redução da inflação, então o poder de compra dele não está se alterando. Assim, na hora da retomada, haverá demanda”, salientou.
 
A utilização da capacidade instalada, de acordo com a CNI, apresentou recuo de meio ponto percentual em junho. Segundo os Indicadores Industriais, a UCI ficou em 79,3% no indicador dessazonalizado. No mês anterior, fora de 79,8% e, no mesmo mês do ano passado, fora de 83,2%.