Economista da CNC destaca que reaceleração inflacionária e menor confiança dos empresários também contribuíram para os resultados divulgados hoje pelo IBGE

Em outubro, o volume de receitas do setor de serviços recuou 5,8% em relação ao mesmo mês de 2014, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgada hoje (17) pelo IBGE. Todos os cinco grupos de serviços pesquisados apresentaram retrações. As maiores influências subsetoriais derivaram do comportamento da receita dos serviços profissionais, administrativos e complementares (-7,3%) e dos transportes (-6,7%), subsetores que respondem por mais da metade do faturamento anual do setor. Em termos regionais, das 27 unidades da Federação apenas quatro não acusaram queda de receita real nos últimos 12 meses.

"Essa foi a maior queda nessa base comparativa desde o início da pesquisa e a sétima seguida em 2015, o que arrastará o setor para sua primeira queda anual ao final do ano corrente", aponta Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ele explica que o setor acumula, desde janeiro deste ano, queda de 3,1% e deverá, inevitavelmente, registrar sua primeira retração anual no volume de receitas ao final de 2015. De 2012 a 2014 a receita real do setor variou +4,3%, +4,1% e 2,5%, respectivamente. As cinco regiões pesquisadas acumulam quedas em 2015, com destaque para a Nordeste (-4,6%). Das 27 unidades da Federação, apenas duas ainda registram avanço real de receita no setor no acumulado do ano.

Para Bentes, outro sinal da desaceleração do setor de serviços vem da percepção do agravamento da crise no setor terciário, já sinalizada pela redução de empregos formais nos últimos 12 meses. De novembro de 2014 a outubro de 2015 o Caged, do Ministério do Trabalho e Previdência Social, registrou o fechamento líquido de 280,1 mil postos de trabalho nas atividades econômicas que integram a PMS - resultado que contrasta com a geração de 301,4 mil vagas de 2014. "Essas mesmas atividades respondem por 29,6% da força de trabalho do País. Outro termômetro da crise no setor, a confiança dos empresários atingiu, em outubro, o segundo patamar mais baixo da série histórica apurada mensalmente pela FGV desde 2008", afirma o economista. Por fim, Fabio Bentes aponta que a intensificação da queda em outubro adveio da reaceleração da inflação no setor. "No acumulado dos últimos 12 meses, os preços médios dos serviços praticados subiram 5,2%, ante +4,8% na leitura anterior", complementa o economista. Especialmente nos serviços administrativos e complementares (+7,4%) e nos transportes (+8,1%), o comportamento dos preços explica as maiores perdas.

A série divulgada pelo IBGE em agosto teve início em janeiro de 2012 e não conta com ajustes sazonais. Os serviços de educação, saúde e financeiros não são pesquisados. Ainda assim, os demais subsetores respondem por 36,5% de todo o valor adicionado bruto gerado pela economia e por 34,6% do pessoal ocupado no País. De acordo com dados das Contas Nacionais, no PIB de 2014 o setor terciário respondeu por 60,7% do valor adicionado a preços básicos.