O aumento do salário mínimo foi aprovado, inicialmente, de R$ 510,00 para R$ 540,00. Porém, a pressão política e a insuficiência deste valor para vencer a inflação (o que, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), só aconteceria com R$ 543,00) levaram-no a R$ 545,00. Mesmo assim, nesta semana, entidades sindicais realizaram manifestações defendendo R$ 580,00 para o mínimo.

Para saber como o tema está repercutindo em Santa Catarina, o Portal Economia SC ouviu economistas e representantes de entidades ligadas diretamente à discussão. Confira a opinião dos entrevistados:

"A economia pode absorver R$ 580,00", José Álvaro Cardoso, supervisor técnico do escritório do Dieese em SC

"O segredo dos países desenvolvidos, e também do crescimento do Brasil, é o mercado consumidor interno, e o salário mínimo é o motor para ele. A economia poderia absorver R$ 580,00, não vejo essa pressão sobre a inflação. Os grandes causadores dela têm sido os alimentos, mas os seus preços estão desacelerando e o governo tem adotado medidas para controle da alta dos preços.

Se o aumento do mínimo causa elevação de custo nas empresas, isso seria mais do que compensado pela expansão do mercado consumidor e da capacidade de compra. O trabalhador gasta esse recurso, aumenta a produção e gera mais emprego e aumento da renda. As finanças públicas também melhoram, com mais pagamento de impostos.

"O país precisa parar de gastar e começar a investir", Paulo Guilhon, presidente do Corecon (Conselho Regional de Economia) de Santa Catarina

"O Brasil ainda não é desenvolvido o suficiente para dar um aumento significativo no salário mínimo. O país gasta muito e gasta mal, o que eleva nossa taxa de juros e gera inflação. Isso repercute diretamente no salário do trabalhador.

Você imagina o impacto que há no orçamento de uma empresa a cada um real, é um gasto extraordinário. Qualquer movimento terá um impacto no sistema econômico. Por isso, é preciso ver onde há condições de se enxugar o gasto público, parar de gastar e começar a investir. Ruth Cardoso diria: ‘Pobreza não é falta de dinheiro, é falta de oportunidade'".

"Tem que ser um mínimo de quinta economia", Jairo Leandro, secretário executivo da Fetiesc (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado de Santa Catarina)

"Nós fechamos com o movimento sindical do Estado como um todo, de que o mínimo deveria ser maior. Não há divergência entre nós sobre isso. Basta fazermos uma retrospectiva: quando o mínimo começou a aumentar, havia a mesma desculpa de que ele iria quebrar as empresas e depois contaminar a previdência. O tempo passou, ele aumentou e ninguém quebrou. É um discurso que não tem consistência.

O valor teria que se aproximar de um patamar ainda maior. Se somos a quinta economia, precisamos de um mínimo de quinta economia."

"Até cerca de 8% poderíamos assumir", Sérgio Medeiros, presidente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas do Estado de Santa Catarina (FCLD/SC)

"Um mínimo a R$ 580,00 daria um impacto pesado para os lojistas, não conseguiríamos repassar. É um aumento de 13,73% (sem desconto da inflação. O valor aprovado, R$ 545,00, é 6,86% maior que o antigo mínimo, também sem desconto), mas até cerca de 8% poderíamos assumir.

A inflação tem aumentado e, com isso, o governo aumenta os juros. Isso é ruim para nós, porque aperta o crédito e o consumo. Além disso, um mínimo maior aumenta o déficit nas contas públicas.

Nos últimos oito anos, o mínimo conseguiu atingir um patamar aceitável, os aumentos estão no ritmo ideal. Houve ganho de renda e os empresários têm conseguido absorver. Indo a passos lentos a gente chega ao patamar ideal."