Em entrevista coletiva), Eduardo Pinho Moreira explicou os motivos de sua saída da presidência das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc)

Em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (7), mesmo dia em que deixou a presidência das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), Eduardo Pinho Moreira explicou os motivos de sua saída da estatal. A coletiva aconteceu na Sala de Imprensa da Assembleia Legislativa, com a presença dos deputados da bancada do PMDB e do deputado Lício Mauro da Silveira (PP), além do secretário de Estado de Segurança Pública, Ronaldo Benedet, e funcionários da Celesc. Pinho Moreira destacou que saiu da estatal para se dedicar integralmente às atividades políticas e exercer as funções de presidente estadual do PMDB. A partir de hoje, a Celesc Holding e a Celesc Geração passam a ser presididas por Sérgio Rodrigues Alves e Ricardo Rabello, consecutivamente.

Mesmo alegando que deixou o cargo por motivos pessoais, a possível privatização da empresa foi a tônica da conversa. Pinho declarou ser totalmente contra a privatização da empresa e garantiu que isto não acontecerá neste mandato. “Se o Conselho Administrativo deliberar a favor da privatização, a proposta não será aprovada pela Assembleia Legislativa. A Celesc é uma empresa viável e é muito importante para Santa Catarina ter o comando da política energética”, reiterou, já que qualquer mudança no estatuto ou na composição do capital da empresa tem que passar pela Assembleia Legislativa.

Durante a reunião extraordinária do Conselho de Administração da Celesc, na última quinta-feira (2), o ex-presidente teve que intervir para que as discussões relativas à privatização não avançassem. “Antes de sair da presidência ficou certo que a privatização não será pauta das reuniões do conselho nas próximas reuniões. Mas não posso afirmar que este assunto não será debatido nos próximos meses.” A privatização da empresa foi proposta pelo Fundo de Pensão do Banco do Brasil (Previ) que informa, em seu site, deter 12,59% das ações ordinárias e 4,9% das ações preferenciais da Celesc. O Fundo ainda possui quatro representantes no Conselho de Administração da companhia.

Antes de se desligar do cargo, Pinho Moreira debateu, junto ao quadro de funcionários da estatal, um planejamento com as diretrizes da empresa até o ano de 2012. Ele revelou que a empresa passou por dificuldades momentâneas no primeiro trimestre deste ano devido à catástrofe de novembro de 2008, o reajuste da energia que a empresa compra para distribuir e a Conta de Compensação de Combustível, mas assegurou que isso não comprometeu o bom andamento da estatal. “A Celesc passa por um bom momento, com lucros expressivos que alcançaram o montante de R$ 258 milhões em 2008. Somos a única empresa de distribuição de energia do país que atende todas as propriedades rurais”, destacou.


Eleições 2010


Ele comentou que o governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) aceitou seu pedido sem questionar. Entretanto, a bancada de seu partido no Parlamento catarinense não gostou de perder o controle da principal estatal catarinense. “A bancada é contra a minha saída, mas, mesmo assim, é solidária”, contou. O ex-presidente acredita que a sua saída vai preservar a Celesc. “Pensei em blindar a Celesc para que todos nós possamos colher as ações positivas da empresa. Como presidente da Celesc não conseguia me dedicar totalmente ao meu partido”, emendou.

Pinho Moreira é pré-candidato ao governo do Estado nas próximas eleições e com sua saída da Celesc vai acompanhar o governador Luiz Henrique pelo interior do estado. “Não saio desgastado. Tenho um forte apoio e uma relativa folga dos votos dentro do partido, mas que não é definitiva”, observou.

O líder do PMDB na Casa, deputado Antônio Aguiar, leu, durante a sessão ordinária, uma nota oficial assinada pelo governador e pelo ex-presidente da Celesc relatando o desligamento. “Pinho Moreira não brigou com o governador, não deixou um rombo na Celesc e é contra a privatização, bem como a nossa bancada”, garantiu.
Já o deputado Lício Mauro da Silveira, que denunciou a reunião extraordinária do Conselho Administrativo sobre a privatização, lamentou o desligamento de Pinho Moreira. “Acompanhei seu trabalho e seu posicionamento contrário a privatização“, ressalvou.