Petrobras e Galp são exemplo para empresas, diz embaixador
Lisboa, 9 abr (Lusa) - Os resultados dos projetos conjuntos entre a Petrobras e a petrolífera portuguesa Galp em Angola devem ser seguidos por empresas privadas dos dois países, defendeu o embaixador do Brasil em Portugal, Celso Vieira de Souza.
Para o diplomata, um dos participantes do evento "1808-2008: E o Futuro das Relações Econômicas Portugal-Brasil" que começa na quinta-feira, cabe ao Brasil "fomentar o diálogo" que permita o lançamento de ações conjuntas entre empresas.
"As empresas brasileiras podem internacionalizar-se por via deste diálogo com Portugal", afirmando que as companhias lusas "são das mais internacionalizadas" e existe "toda uma base cultural e lingüística que pode favorecer" o entendimento.
Vieira de Souza disse que esta afinidade já existe no setor energético, como a parceria em Angola entre Petrobras e Galp, e nas infra-estruturas, mas "pode ainda ampliar-se para o contexto europeu".
Aproximação
Segundo o embaixador, eventos como as comemorações dos 200 anos da instalação da corte portuguesa no Brasil "estão a dar maior visibilidade" às relações bilaterais, e podem dar um impulso às relações econômicas.
"As questões que existem podem ser resolvidas através de um diálogo maior. Falta diálogo entre os dois países, o contexto europeu atrai muito Portugal", disse Vieira de Souza.
No ano passado, Portugal e Brasil alcançaram um recorde histórico nas trocas comerciais, para US$ 2 bilhões, mas o perfil tecnológico das exportações é ainda baixo, disse o diplomata brasileiro.
"As exportações portuguesas para o Brasil continuam muito concentradas nas categorias de azeite ou vinho, e as brasileiras para Portugal nos derivados de petróleo", afirmou à Agência Lusa.
Relacionamento
Outro entrave ao desenvolvimento das relações comerciais é o atraso nas negociações entre a União Européia e Mercosul sobre um acordo de acesso preferencial, que poderia servir de catalisador de trocas e investimento bilateral, disse o embaixador.
Vieira de Souza disse ainda que existe "um diálogo estratégico" em andamento e que está previsto que antes do final do ano haja uma cúpula bilateral, assim como em 2007.
O presidente da Agência de Investimento e Comércio Exterior de Portugal (AICEP), Basílio Horta, disse que as comemorações dos 200 anos da chegada da corte são "oportunidades promocionais que estão a ser aproveitadas no quadro da estratégia para o Brasil enquanto mercado prioritário".
"Trata-se de mais uma componente a juntar a tantas outras que têm sido desenvolvidas para aprofundar as nossas já excelentes relações", afirmou o dirigente.
Basílio Horta ressaltou que a agência portuguesa está tentando captar investimento brasileiro em Portugal, acenando com o acesso a mercados europeus e tentando a "alteração do modelo de desenvolvimento para setores de maior incorporação tecnológica".
Potencial
O investimento brasileiro em Portugal é historicamente pouco significativo. Em 2007, atingiu 92 milhões de euros (R$ 246,2 milhões), a 19ª posição no fluxo de investimento direto estrangeiro total em Portugal, que foi o primeiro investidor estrangeiro no Brasil entre 1998 e 2000. Nos dois últimos anos, ocupou a 5ª posição.
"Depois do movimento inicial ter sido feito por alguns grandes grupos portugueses, em resultado das privatizações brasileiras nos setores da energia e telecomunicações, seguiram-se vários investimentos, cuja característica principal é a sua diversificação", afirmou Basílio Horta.
Sobre os segmentos com mais potencial para investimento, o presidente do AICEP citou "novas tecnologias de informação e comunicação, energias renováveis e novos processos industriais em setores de ponta e inovadores".
"Há ainda um vasto potencial a explorar no relacionamento bilateral e muito trabalho a fazer pelos agentes econômicos de ambos os países", afirmou o dirigente à Agência Lusa.
Além do embaixador brasileiro e do presidente da AICEP, o evento em Lisboa vai contar com o secretário-geral adjunto e dos Assuntos Europeus, Manuel Lobo Antunes, e o presidente do banco BES (ligado ao Bradesco), Ricardo Salgado.
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