Preço baixo prejudica produtores de arroz de SC e RS

O excesso de arroz no mercado brasileiro está achatando os preços pagos aos rizicultores. Ainda há estoques relativamente elevados nos armazéns do governo e do setor privado e a colheita da nova safra de arroz inicia no fim deste mês de fevereiro. O preço da saca já caiu 8% somente neste ano. Preocupada com essa situação, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) reúne-se com sua co-irmã gaúcha, a Farsul, em Camaquã (RS) no próximo dia 9 para definir estratégias conjuntas.


“Vamos discutir as alternativas para evitar mais prejuízos aos produtores rurais”, antecipa o presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, que se reuniu nesta semana, na sede da Faesc, com um grupo de lideranças do sul do Estado, capitaneadas pelo presidente do Sindicato Rural de Jaguaruna, Rui Geraldino Fernandes e pelo presidente da Cooperativa agropecuária de Tubarão, Dionísio Bressan Lemos. O objetivo do encontro foi analisar os problemas do setor e definir ações.


A importação de 1 milhão de toneladas de arroz dos países do Mercosul estaria agravando esse quadro de superoferta. Como reflexo dessa situação, o mercado está pagando de R$ 20,00 a R$ 23,00 a saca de arroz, valor abaixo do preço mínimo fixado pelo governo, de R$ 25,80.


O Brasil cultiva 2,9 milhões de hectares e produz 12,6 milhões de toneladas de grãos, sendo que os dois maiores produtores são Rio Grande do Sul, que responde por 60,9% e, Santa Catarina, por 8,4% da produção nacional. A proximidade geográfica e a afinidade econômica fazem com que os dois Estados atuem de forma coordenada na questão do arroz já que representam 70% da oferta nacional.


Pedrozo antecipou que as entidades do agronegócio programarão um grande ato de abertura da safra nos dias 24, 25 ou 26 com a presença da presidente Dilma Rousseff, ocasião em que entregarão uma pauta de reivindicações, pedindo medidas para reequilibrar o mercado brasileiro de arroz.

A Faesc adotou uma linha de reação junto aos parlamentares federais e aos ministérios da Fazenda e da Agricultura: quer a retomada dos contratos de opção ou reajuste do preço mínimo do arroz próximo aos R$ 30,00 a saca de 50 kg.

A Federação cobrará apoio aos arrozeiros, lembrando que as distorções econômicas do arroz irão se transformar em problemas sociais muito em breve.
DELICADO

O mercado do arroz é complicado e restrito. Não se trata propriamente de um commodity e os países de grande consumo (como os asiáticos) são, também, grandes produtores. São poucas as opções de transformação do arroz em outros produtos, o que limita sua industrialização. O arroz é a principal fonte de renda de 8.000 produtores catarinenses, gerando mais de 50.000 empregos diretos e indiretos. O Estado cultiva 150,5 mil hectares e produz 1 milhão e 39 mil toneladas/ano em 60 municípios do Sul, Vale do Itajaí e Norte catarinense.