Quem já conversou com alguma pessoa do ramo artístico, com certeza, já ouviu algumas lamentações sobre a dificuldade de sobreviver trabalhando com cultura no Brasil. Mesmo sem movimentar muito dinheiro, como o esporte, por exemplo, alguns artistas e produtores conseguem sobreviver neste ramo em Santa Catarina.
Na capital, 8.857 atores, dançarinos e técnicos de espetáculos foram registrados profissionalmente no Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversão (Sated), de Florianópolis. Desses, apenas três mil realmente trabalham na área. Segundo "Festinha", como é conhecido, no meio artístico, o responsável pelo sindicato, o alto número de atores que não trabalham com artes se deve a falta de oportunidades.
As opções para quem quer ganhar dinheiro com a arte são basicamente três: leis de incentivo a cultura, patrocínio privado, ou grande sucesso que possa gerar renda apenas com a bilheteria. Um exemplo é o espetáculo Teatro de Quinta, que está em cartaz há sete anos e já foi visto por mais de 50 mil pessoas, e se mantém nos palcos apenas com o dinheiro dos ingressos vendidos.
O produtor da Ponte Cultural e responsável pelo Teatro de Quinta, Renato Cristofoletti, explica que a maioria dos artistas depende do apoio do governo para executar os trabalhos. "O público tem aumentando nos últimos cinco anos e isso permite que trabalhos locais ganhem destaque e se mantenham ativos, mas ainda é fundamental o apoio público".
Verba
As leis de incentivo são dividas em nacionais, estaduais, e municipais. A de Florianópolis, prevê que do orçamento anual, a prefeitura libere entre 1 e 2,5% da arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS) e IPTU para destinar a projetos culturais por meio de renúncia fiscal.
Isso significa que o poder público concorda em não receber parte desses dois impostos devidos pelo contribuinte sempre que ele apoiar um projeto cultural aprovado pela lei de incentivo.
A versão nacional, Lei Rouanet, é similar. Ela possibilita que as empresas e cidadãos (pessoa física) apliquem uma parte do Imposto de Renda devido em ações culturais. (até 4% e 6% do IR, respectivamente).
O coordenador do curso de artes cênicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fábio Salvatti, explica que um problema econômico do setor é porque a produção de cultura ainda é bastante voltada para São Paulo e Rio de Janeiro. "O mercado está muito relacionado com a mídia. A lógica das celebridades de televisão faz girar o maior capital naqueles estados", desabafa Salvatti.
Rentabilidade
Seguindo o foco em trabalhos com artistas famosos, algumas empresas catarinenses faturam com espetáculos produzidos fora do Estado. O sócio proprietário da Meneghim Produções, Cesar Meneghim, conta que comédia é o que vende mais fácil. "Trabalhamos com base em patrocínios privados, que recebem mídia gratuita em troca. Se a casa de espetáculos não lotar, corremos grandes riscos. É necessário trabalhar com a venda de todos os ingressos para termos lucros".
Luiz Henrique Costa é proprietário da C5 produções. Segundo ele, levar teatro para as cidades do interior é muito mais fácil do que apresentar em Florianópolis. "Em municípios menores o trabalho é facilitado porque os empresários locais apóiam mais e o público aproveita quando tem novidades em cartaz"
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