Manutenção dos juros em 8,75% ao anoé inaceitável, diz presidente da CNI
A interrupção na trajetória de queda dos juros é inaceitável, afirmou nesta quarta-feira, 2 de setembro, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto. Segundo ele, a decisão indica que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) acredita que a crise foi superada. “Mas essa crença não condiz com a realidade. A indústria ainda sofre os efeitos recessivos que a crise provocou”, destacou Monteiro Neto.
Ele lembrou que, apesar dos sinais de recuperação serem claros, a completa superação da crise ainda está distante. Conforme os Indicadores Industriais da CNI, o número de empregos no setor caiu pelo oitavo mês consecutivo em junho e o nível de utilização da capacidade instalada na indústria está muito abaixo do registrado antes da crise.
Além disso, argumentou Monteiro Neto, inexistem pressões de preços. A meta de 4,5% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano foi atingida, e a expectativa do mercado financeiro para os próximos 12 meses é de uma inflação menor ainda: 4% ao ano. “Não há, portanto, justificativa para não prosseguir com os cortes nos juros. As taxas brasileiras permanecem muito acima das internacionais, o que contribui para a valorização do real diante do dólar e retarda o processo de recuperação da atividade industrial”, afirmou o presidente da CNI.
A CNI entende que os cortes feitos na taxa Selic nas reuniões anteriores do Copom foram positivos, mas insuficientes para a indústria retomar o ritmo de crescimento do início de 2008. Novos projetos de investimento estão travados, e a expansão da capacidade produtiva só será retomada com uma taxa de juros substancialmente menor que a atual. “A decisão do Copom contribui para que a recuperação seja vagarosa, o que traz enormes prejuízos para a produção e o emprego do país”, disse Monteiro Neto.
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