Conclusões são de especialistas do segundo dia da Jornada da Indústria, promovida pela Fiesc, que se encerra nesta sexta-feira com a outorga da Ordem do Mérito Industrial.

A competitividade da indústria exige foco em serviços e inovação. Estas são algumas das conclusões do segundo dia da Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense, promovida pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), nesta quinta-feira (26), em Florianópolis. O evento que segue até amanhã (27) reúne empresários, representantes de sindicatos de indústria, autoridades e especialistas para debater temas vitais para a indústria.

 

Para aumentar sua competividade e produtividade, a indústria deve buscar a produtividade e a competitividade dos serviços, recomendou o economista Jorge Arbache. "Estudos recentes mostram que os serviços já correspondem a 64% do valor adicionado industrial no Brasil. Esse número varia de setor para setor, mas, de maneira geral, é elevado. Isso significa que temos que reconhecer a importância dos serviços, o que não necessariamente está ocorrendo no Brasil", afirmou.

 

"Os serviços são mais importantes do que imaginávamos para a indústria. Estamos acostumados a pensar a produtividade da indústria como produtividade no chão de fábrica, mas isso não é mais suficiente. A forma como se produz hoje em dia é cada vez mais fragmentada. Precisamos de fornecedores que estejam à frente da cadeia de produção. Quanto mais fragmentada a cadeia produtiva e mais complexo o produto, mais dependemos de fornecedores e prestadores de serviços", enfatizou Arbache.

 

"As questões relacionadas à tecnologia e inovação, de fato, estão na base do esforço que o Brasil e, particularmente, o setor industrial estão fazendo para se tornar mais competitivos", afirmou o presidente da Federação, Glauco José Côrte. "Ainda que a inovação resulte em aumento da produtividade e seja um aspecto determinante do esforço que cada empresa pode fazer no seu âmbito de atuação, inovar, segundo o mapa da CNI, requer um ambiente institucional favorável, ou seja, um conjunto de leis, normas, regulamentos, centros de pesquisa e fontes acessíveis de financiamento", acrescentou.

 

Além de investimentos financeiros, a mudança na mentalidade de governantes, estudantes e empresários é fator fundamental para a criação de um ambiente de inovação no Brasil. Segundo Celson Pantoja Lima, professor do Centro de Performance Industrial do Massachusetts Institute of Technology, os avanços no cenário de inovação brasileiro nos últimos 30 anos são evidentes, mas é necessária ainda uma mudança de mentalidade. "Não temos no Brasil o aluno da graduação pensando em mudar. Eles pensam em ter um diploma, conseguir um trabalho, eventualmente no setor público, e ficar ali. Nos EUA é diferente isso, eles entram na faculdade pensando em mudar o mundo. Não sabem exatamente como, mas eles querem. E têm incentivos para isso", relatou.

 

Guido Ganassali, gerente de Negócios e Tecnologia da Ciser, lembrou que a mudança de mentalidade também deve ocorrer nas indústrias. "Se o presidente, as diretorias e as gerências não acreditarem, todos os projetos tendem ao fracasso. As empresas têm que aprender o conhecimento necessário para evoluir em tecnologia, design ou em serviços está nas academias", disse. Como exemplo de uma boa integração entre os centros de pesquisa e as empresas, o Dr. Ardin Djalali, da Universidade Steibeis, de Berlin, citou projeto onde as indústrias lançam desafios para a academia, que formula soluções. Na sequência, estudantes são enviados para executar os projetos dentro das empresas, com apoio da universidade.

 

Esta é a terceira edição da Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense. Nesta sexta-feira (27) ocorre a entrega da Ordem do Mérito Industrial e Mérito Sindical, que marca o encerramento do evento. A Jornada tem o apoio do BRDE, CrediFiesc, Previsc, Tractebel, SESI e SENAI Nacional.