Evento realizado em Criciúma pelo Sistema FIESC mobilizou empresários da região para o investimento na formação dos trabalhadores
A região Sul de Santa Catarina recebeu na noite desta quarta-feira (28) o quarto evento regional do Movimento a Indústria pela Educação, promovido pelo Sistema FIESC. Com a presença de empresários da região, o evento promoveu a adesão à causa da educação. Com a iniciativa, o Sistema FIESC planeja oferecer mais de800 mil matrículas até 2014, com apoio das indústrias.
"Sem o apoio dos empresários vamos fracassar. Mas conheço os nossos empresários e tenho certeza de que eles participarão e aproveitarão as oportunidades que estão sendo oferecidas", disse o vice-presidente da FIESC para a região Sul, Diomício Vidal, que representou no evento o presidente da entidade, Glauco José Côrte, que estava em missão internacional. Vidal destacou a importância da educação para a competitividade da indústria, junto com outras questões, como a infraestrutura.
O diretor regional do SENAI/SC, Sergio Roberto Arruda, apresentou dados como o de ranking de 40 países, divulgado nesta semana, que coloca o Brasil na posição 39 em educação, atrás de países como Argentina, Chile e Colômbia. Para Arruda, superada a questão da universalização da educação, é preciso resolver a questão qualidade. "Mas também temos boas notícias. Pela primeira vez o governo reconheceu a importância da educação profissional", afirmou, referindo-se ao Pronatec, realizado em parceria com o Sistema S, em especial com o SENAI.
O presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Criciúma e Região, Roberto Benedet, contou que o setor sofre com a falta de trabalhadores preparados. "De um lado, enfrentamos a questão de os jovens estarem procurando menos o nosso segmento. De outro, o setor precisa de profissionais com treinamento bem abrangente em nível técnico, pois nossos maquinários passaram a se dinamizar, com maior presença da eletrônica, o que exige conhecimentos específicos", disse. "Quando o nível educacional do empregado é alto, ele consegue ver a empresa como um todo, e não somente a tarefa que ele costuma executar", complementou, destacando a importância do Movimento pela Educação.
O cenário de falta de trabalhadores torna a questão da formação especialmente preocupante em segmentos como o da construção civil, disse o executivo de recursos humanos da Construtora Fontana, Jarbas Cargnin Nunes. "Nesse contexto fazemos um grande esforço, junto com instituições técnicas e profissionalizantes, para ter mais qualidade, reduzir custos e até reduzir a necessidade de mão-de-obra, utilizando novas técnicas produtivas e tecnologias, de modo a suprir a demanda de trabalhadores", disse. O desafio, acrescentou, é a baixa escolaridade, que dificulta o aprendizado de novas técnicas. Mas Nunes relatou que os esforços têm dado resultado, por meio de iniciativas como a parceria com o SESI para elevar a escolaridade, além de programas de troca de conhecimento entre os colaboradores. Nunes também chamou a atenção para a Escola da Construção Civil, do SENAI.
"Sem trabalhadores qualificados não temos como inovar, criar novos produtos de valor agregado ou elevar a produtividade. A educação é a diferença entre a nossa realidade e a dos Estados Unidos ou da Europa. As pessoas são as mesmas", disse o presidente do Sindicato das Indústrias Químicas do Sul Catarinense, Edmilson Zanatta. "A educação é a mola mestra para o desenvolvimento de uma empresa e de uma região", acrescentou.
O superintendente do SESI, Hermes Tomedi, deu exemplos de como as empresas podem apoiar a formação de seus trabalhadores. Entre eles, a oferta de infraestrutura necessária para a realização de formação dentro da empresa, promover o acesso a cursos e premiar os trabalhadores que continuam seus estudos.
No evento, que também contou com a presença do prefeito Clésio Salvaro, a importância de investir-se em educação foi abordada por Mozart Neves, membro da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação.
Ao final das palestras, os empresários do Sul de Santa Catarina assinaram os termos de adesão. Ela também pode ser realizada por meio do site fiescnet.com.br/aindustriapelaeducacao.
A importância da educação - Para que a indústria catarinense possa crescer no ritmo esperado até 2015, será preciso contar com um contingente de 461,5 mil trabalhadores com formação profissional adequada. A estimativa é do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e consta na pesquisa Mapa do Trabalho Industrial 2012. Essa necessidade produzirá oportunidades em 177 ocupações.
O déficit educacional, além de um problema social, também é um entrave às empresas brasileiras. Pesquisa realizada em 2011 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que quase 70% das indústrias têm dificuldade de encontrar trabalhadores com a formação desejada - seja por educação básica ou por formação profissional. No Brasil, apenas 6,6% dos brasileiros com idade entre 15 e 19 anos estão em cursos de educação profissional, enquanto na Alemanha esse índice é de 53%. Em Santa Catarina, cerca de 400 mil trabalhadores das indústrias não têm escolaridade básica completa.
Esse quadro faz com que o país ocupe a 77ª posição no ranking elaborado pela Organização Internacional do Trabalho sobre produtividade dos trabalhadores. Além disso, prejudica a capacidade das empresas de inserir novas tecnologias,
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