Num cenário marcado por custos de produção elevados, competição acirrada e inflação à espreita, os frigoríficos catarinenses trabalham – em 2013 – pela abertura do mercado japonês e pelo incremento dos negócios com a China e Estados Unidos.
O presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados de SC (SINDICARNE), Clever Pirola Ávila, está convencido que, apesar dos desafios, o ano será melhor que o anterior.

Como deve se comportar, em 2013, o mercado de carnes em geral e o de carne suína, em particular?
Clever Pirola Ávila –
Temos a expectativa de um ano melhor, apesar das matérias-primas continuarem em patamares elevados – com a demanda internacional alta e os estoques baixos. Entretanto, os crescimentos serão vegetativos.

O preço do milho e demais insumos voltarão a patamares razoáveis neste ano ou continuarão com preços aquecidos?
Ávila –
Continuarão elevados e com leve redução durante o auge da colheita da safra.

Santa Catarina necessitará, novamente, importar 2 milhões de toneladas de milho neste ano. Onde deverá buscar esse grão?
Ávila –
Nossas alternativas no Brasil são as mesmas: Paraná, Mato Grosso do Sul e, em situações mais atípicas, no Mato Grosso e Goiás. Em nível internacional o Paraguai continua sendo uma opção.

Vamos gastar novamente alguns bilhões de reais em transporte do milho do Brasil central a Santa Catarina? O projeto da ferrovia norte-sul não avançou?
Ávila –
Continuaremos a perder competividade neste modelo modal 100% rodoviário. Temos somente cartas de intenção e nada de concreto foi aplicado.

Por que o Governo Federal não aceitou a proposta de subsídio do frete em 5 reais por saca? Aceitará essa proposta este ano?
Ávila –
Parece existir um impedimento legal, o qual nos deixa vulneráveis e sem apoio externo em situações emergenciais. Não foi à toa que várias empresas fecharam e outras foram vendidas.

O Sr. concorda com a ideia de contingenciamento das exportações de milho para abastecer o mercado interno?
Ávila –
Não. A lei de mercado livre deve sempre prevalecer, porém, existem outros mecanismos de política agrícola que podem ser utilizados, visando o equilíbrio do abastecimento interno.

Como ficarão as exportações este ano? A Rússia voltará a ser nosso principal mercado como já foi no passado?
Ávila –
Na área da carne suína, Rússia e Ucrânia continuam sendo os principais destinos. No segmento de carne de aves, as alternativas são maiores – Europa, Ásia e América Latina.

Em que situação está o comércio bilateral Brasil – China? Os chineses estão comprando carne catarinense desde o ano passado? Qual é o balanço?
Ávila –
Acabamos de receber a habilitação de novas plantas para exportar para a China e certamente em 2013 teremos uma evolução bem maior. Temos mais de 40 plantas habilitadas para exportar aves, suínos e bovinos do Brasil.

O cobiçado mercado do Japão será conquistado neste ano? Em que fase estão as tratativas? Quais as etapas que ainda faltam?
Ávila –
Estamos apostando todas as nossas fichas para abertura deste mercado para a carne suína. Estamos apenas na consolidação da troca do Governo no Japão e partiremos para as duas fases finais: apresentação do protocolo de intenções com a definição do Certificado Sanitário Internacional e nominação das Plantas Industriais a serem habilitadas.

O mercado norte-americano está oficialmente aberto para a carne catarinense, mas, até agora, não saiu nenhum negócio. Por quê?
Ávila –
Estamos neste momento recebendo uma missão norte-americana no Brasil e especialmente em SC para a liberação final das plantas habilitadas. Ao mesmo tempo estamos preparando nossas plantas com um treinamento específico com pessoal capacitado dos USA.

O Sindicarne tem um balanço de quantos frigoríficos fecharam em 2012 em consequência da crise do encarecimento do milho?
Ávila –
O sul do Brasil e São Paulo foram os Estados mais afetados, principalmente pela falta de crédito ao capital de giro. Das empresas afetadas, parte fechou e outra parte foi vendida.